Hoje, faz dois anos que o Ceará perdeu um de seus maiores políticos. Ex-presidente da República, deputado federal por décadas, Paes de Andrade preferia ser lembrado como um sonhador e um lutador das causas de sua gente.
Nada melhor para representar sua história do que o poema de Machado de Assis, Os Dois Horizontes. Verdadeiramente, Paes era assim: nunca teve medo, nem mesmo quando o Brasil enfrentava uma ditadura que perseguia a todos. Lá estava Paes a defender a democracia e bradar contra a falta de liberdade.
Paes era guerreiro de seu povo. Em Brasília, enfrentou todos os preconceitos, pagou um alto preço, porém não desistiu do sonho de dotar o Ceará de um açude que assegurasse água. É, o Castanhão pode ter muitos padrinhos, mas apenas um verdadeiro pai: Antonio Paes de Andrade.
Como escreveu Machado de Assis, no poema “Dois horizontes”:
“… dois horizontes fecham a nossa vida:
Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro,—
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro. ”
Paes de Andrade faz falta na política de Brasília e do Ceará. Paes era duro na defesa de suas posições, mas sabia dialogar e defendê-las com coragem e sem barganhas tão comuns nos tempos atuais. Paes era esperança. Jovens que contavam com sua ajuda para sobreviver a um regime que erroneamente havia escolhido a juventude como inimigo.
Paes nunca se quedou a essa tese. Nem a ferocidade dos generais o calou. E da tribuna da Câmara soube proteger e salvar tantos que sem sua fala, hoje não estariam aqui entre nós.
O povo brasileiro tem o hábito feio de endeusar quem morre. Paes de Andrade tinha seus defeitos. Era turrão, não gostava de ser contrariado, e não contassem com ele para campanhas eleitorais onde tivesse de se mostrar diferente de sua personalidade. Não havia parente, amigo ou político que o convencesse. Paes não foi dos tempos da marquetagem. Seus votos eram conseguidos com discursos fortes e promessas assumidas e cumpridas com o povo.
Dois anos depois da partida de Paes de Andrade, muita gente sequer se lembra dele.
Os políticos recentes preferem nem pesquisar sobre sua biografia. É! Paes, Ulysses Guimarães, Miguel Arraes, Leonel Brizola, e tantos outros brasileiros que partiram foram decisivos na reconquista dessa cambaleante democracia em que estamos vivendo. Mas, apesar de todos os problemas, só quem viveu numa ditadura sabe o preço que se paga quando não temos liberdade.
Paes de Andrade faz falta a sua família, a seus amigos e também a seus eleitores do Ceará a quem brigava com tanto interesse para melhorar suas vidas. E novamente, é o maior escritor do Brasil, Machado de Assis, com sua poesia Dois Horizontes nos mostra novamente o caminho que tantas vezes Paes nos ensinou com sua sabedoria sertaneja:
Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? – Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida.
Machado de Assis, in ‘Crisálidas’
Nada melhor para representar sua história do que o poema de Machado de Assis, Os Dois Horizontes. Verdadeiramente, Paes era assim: nunca teve medo, nem mesmo quando o Brasil enfrentava uma ditadura que perseguia a todos. Lá estava Paes a defender a democracia e bradar contra a falta de liberdade.
Paes era guerreiro de seu povo. Em Brasília, enfrentou todos os preconceitos, pagou um alto preço, porém não desistiu do sonho de dotar o Ceará de um açude que assegurasse água. É, o Castanhão pode ter muitos padrinhos, mas apenas um verdadeiro pai: Antonio Paes de Andrade.
Como escreveu Machado de Assis, no poema “Dois horizontes”:
“… dois horizontes fecham a nossa vida:
Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro,—
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro. ”
Paes de Andrade faz falta na política de Brasília e do Ceará. Paes era duro na defesa de suas posições, mas sabia dialogar e defendê-las com coragem e sem barganhas tão comuns nos tempos atuais. Paes era esperança. Jovens que contavam com sua ajuda para sobreviver a um regime que erroneamente havia escolhido a juventude como inimigo.
Paes nunca se quedou a essa tese. Nem a ferocidade dos generais o calou. E da tribuna da Câmara soube proteger e salvar tantos que sem sua fala, hoje não estariam aqui entre nós.
O povo brasileiro tem o hábito feio de endeusar quem morre. Paes de Andrade tinha seus defeitos. Era turrão, não gostava de ser contrariado, e não contassem com ele para campanhas eleitorais onde tivesse de se mostrar diferente de sua personalidade. Não havia parente, amigo ou político que o convencesse. Paes não foi dos tempos da marquetagem. Seus votos eram conseguidos com discursos fortes e promessas assumidas e cumpridas com o povo.
Dois anos depois da partida de Paes de Andrade, muita gente sequer se lembra dele.
Os políticos recentes preferem nem pesquisar sobre sua biografia. É! Paes, Ulysses Guimarães, Miguel Arraes, Leonel Brizola, e tantos outros brasileiros que partiram foram decisivos na reconquista dessa cambaleante democracia em que estamos vivendo. Mas, apesar de todos os problemas, só quem viveu numa ditadura sabe o preço que se paga quando não temos liberdade.
Paes de Andrade faz falta a sua família, a seus amigos e também a seus eleitores do Ceará a quem brigava com tanto interesse para melhorar suas vidas. E novamente, é o maior escritor do Brasil, Machado de Assis, com sua poesia Dois Horizontes nos mostra novamente o caminho que tantas vezes Paes nos ensinou com sua sabedoria sertaneja:
Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.
Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.
No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.
Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,
Escuto um eco sentido
Das passadas ilusões.
Que buscas, homem? – Procuro,
Através da imensidade,
Ler a doce realidade
Das ilusões do futuro.
Dois horizontes fecham nossa vida.
Machado de Assis, in ‘Crisálidas’
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