Os vereadores de Fortaleza têm se articulado de diferentes maneiras para evitar que as limitações impostas pela legislação eleitoral prejudiquem os parlamentares que disputarão o pleito e os que atuarão na campanha de correligionários. As especulações sobre o modo como o período vai interferir na rotina do Parlamento e da Prefeitura provoca divergências.
O vereador John Monteiro (PTdoB) ressaltou que vai se afastar da Câmara para não correr riscos de ferir a legislação eleitoral. O parlamentar vai disputar uma vaga na Assembleia Legislativa e disse não saber como estabelecer uma clara distinção entre a atuação no Parlamento e na campanha. "Eu tiro licença a partir de junho já para não ter esse problema", apontou.
Guilherme Sampaio (PT) é outro vereador que quer uma vaga na Assembleia Legislativa. Apesar de ainda não ter descartado a possibilidade de se afastar da Câmara no período eleitoral, o parlamentar não acredita que o envolvimento como candidato o atrapalhará no Parlamento e nem o deixará exposto às limitações da legislação eleitoral.
"Já é a terceira vez que sou candidato cumprindo a função parlamentar. As regras preveem que a gente não utilize a estrutura da Câmara para fim eleitoral. Então, não tem mistério para a gente. Vou colocar viagens ao Interior para os finais de semana. E como essa eleição é de caráter estadual, isso torna mais fácil", pontuou o parlamentar.
Embates
O vereador Fábio Braga não vai disputar as eleições como candidato, mas já revelou que participará da campanha pela reeleição de Tin Gomes (PHS) como deputado estadual e pela eleição da parlamentar Eliane Novais (PSB) para a Câmara dos Deputados. Apesar do envolvimento, defendeu que os vereadores precisam se articular para manter o ritmo da Câmara.
"Vamos nos comportar de acordo com a legislação vigente. É claro que haverá embates político e, naturalmente, candidatos serão citados. Mas nós não podemos esquecer nossa principal função, que é a de manter o ritmo normal da Casa", defendeu.
Na avaliação de John Monteiro, até mesmo a luta para conseguir aprovar determinado projeto vai ser mais difícil durante o período. Ele teme que, além da demora na tramitação das matérias, os vereadores ainda terão que lidar com um possível receio do prefeito Roberto Cláudio em sancionar alguma matéria para não sinalizar que esteja dando prioridade a vereador A ou B.
"O período eleitoral é muito turbulento. Se já tem sido difícil, imagine durante as eleições", afirmou o vereador ao lamentar o veto enviado pelo prefeito ao projeto de Lei que cria um polo gastronômico na Cidade 2000 e citá-lo como exemplo da dificuldade em garantir a sanção.
Guilherme Sampaio prevê a possibilidade de que a Prefeitura modifique o tratamento dado à Câmara pelas divergências provocadas pelo período eleitoral. "No ano passado, houve essa mistura. Um excesso no rigor e o acirramento provocado pela disputa eleitoral talvez contamine essas questões", apontou.
O petista acredita que a Prefeitura não deve enviar projetos tão polêmicos no período eleitoral para evitar o desgaste no debate. "A agenda política fica mais esvaziada porque o período eleitoral não tem clima para grandes polêmicas", explicou.
Já o vereador Fábio Braga defendeu que a Prefeitura também terá a responsabilidade em manter a rotina no período eleitoral. Ele lembrou que o prefeito Roberto Cláudio até já se comprometeu a enviar as mensagens com as propostas da nova Lei Orgânica do Município e o novo Código de Obras e Posturas. "Não são eleições municipais. O impacto maior vai ser na Assembleia", destacou o parlamentar.
O líder do prefeito na Câmara, Evaldo Lima (PCdoB), rebateu as especulações sobre um tratamento diferenciado que a Prefeitura poderá ter com a Câmara nas eleições e lembrou que a Mesa Diretora da Casa já reuniu o colégio de líderes para apresentar as principais limitações impostas pela legislação no período. "Essa é uma responsabilidade compartilhada entre todos os vereadores, mas ela é principalmente da Mesa Diretora", alega.
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