Com cerca de R$ 6 bilhões em créditos tributários e fiscais a receber e
em execução pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), a Secretaria da
Fazenda (Sefaz) contabiliza, pelo menos, R$ 600 milhões, o equivalente a
10%, como dívidas de sonegação, decorrentes de crimes contra a ordem
tributária estadual, já em tramitação no poder judiciário. O valor
sonegado corresponde a 89% dos R$ 674,74 milhões investidos pelo governo
do Estado, no primeiro quadrimestre deste ano.
Os valores foram revelados na tarde de ontem, na Assembleia Legislativa
do Ceará, pelo titular da Sefaz, João Marcos Maia, durante a
apresentação do desempenho das metas fiscais (receitas e despesas) do
governo do Estado, no período de janeiro a abril último. Segundo ele,
"um único esquema (de empresas) responde pela sonegação de R$ 70
milhões".
Meta de investimentos
Ao passo em que luta, na Justiça, para receber dívidas tributárias
vencidas e resultantes de sonegação fiscal, o governo do Estado corre
contra o tempo para atingir, - em ano de Copa do Mundo e de eleições
majoritárias, - a meta de R$ 4 bilhões, em investimentos em
infraestrutura, neste ano. "Nossa meta é investirmos R$ 4 bilhões, em
2014" , confirmou o secretário da Fazenda, para quem esse será o grande
desafio do governo Estadual.
De acordo com o quadro de metas fiscais de despesas apresentados ontem,
os R$ 674,74 milhões investidos, correspondem a 81% dos R$ 818,57
milhões projetados pelo governo no início do ano, para o primeiro
quadrimestre. Do total investido, apenas R$ 149,67 milhões, o
equivalente a 22,18%, foram de recursos próprios do Tesouro Estadual, e o
restante de fontes da União e de financiamentos internos e externos.
Obras
Em relação a igual período de 2013, quando o Estado aplicou R$ 524,86
milhões em obras estruturais, o montante aplicado até agora, representa
um incremento de 26,43%. Presente à apresentação dos dados, o
ex-secretário da Fazenda e deputado Estadual, Mauro Benevides Filho
(Pros-CE), disse que não será difícil o Estado atingir a meta de
investimentos neste ano, a partir do volume de obras de infraestrutura
em execução.
Em uma conta rápida, ele apontou investimentos da ordem de R$ 4,5
bilhões, sendo R$ 1 bilhão na expansão do Porto do Pecém; R$ 700 milhões
na construção de hospitais, incluindo os da Região Metropolitana de
Fortaleza e de Quixeramobim, R$ 1,18 bilhão, no Cinturão das Águas, e R$
500 milhões, nas linhas Leste e Sul do metrô. "A previsão é de que em
junho, o tatuzão (tuneladora) já comece a comer terra (escavar os túneis
da linha Leste)", anunciou o parlamentar cearense.
Ele contabilizou ainda, outros R$ 360 milhões, para construção de mais
38 escolas profissionalizantes, com valor médio de R$ 9 milhões, cada,
além das 102 já construídas no interior cearense. "Nas obras de
construção do Acquario Ceará devem ser aplicados este ano, R$ 140
milhões", sinaliza Mauro Filho.
Às vésperas do período eleitoral, ele antecipou: "O Estado não pode
conveniar recursos com os municípios, entre junho e outubro, mas a
execução do Estado (obras e investimentos) pode ser feita normalmente".
Receitas x Despesas
Para assegurar os recursos necessários para bancar os investimentos e
as despesas correntes, que, no primeiro quadrimestre deste ano,
cresceram 13,33%, em relação a igual período de 2013, e representaram
quase o dobro dos 7,48% de incremento das receitas correntes registradas
nos quatro primeiros meses deste ano, o secretário da Fazenda está
apostando no crescimento da arrecadação, tanto própria, quando das
transferências constitucionais da União.
As receitas correntes realizadas este ano somaram R$ 6,35 bilhões, ante
R$ 5,91 bilhões, de igual intervalo do ano passado; enquanto as
despesas somaram R$ 5,85 bilhões, contra R$ 5,16 bilhões, em 2013.
O incremento das receitas veio puxado pela arrecadação de 12,56% na
arrecadação do ICMS, que saltou de R$ 2,64 bilhões, entre janeiro e
abril de 2013, para R$ 2,94 bilhões, em igual período de 2014; pelo
aumento de 11,91, no IPVA, que somou R$ 423 milhões, ante R$ 378
milhões, no ano passado.
Outras receitas próprias (IR, ITCD e taxas) contribuíram com mais R$
349 milhões; alta de 31,24%, enquanto o Fundo de Participação dos
Estados (FPE) transferiu outro R$ 1,92 bilhão, 14,12% mais que o R$ 1,68
bilhão repassado pela União, em igual período de 2013.
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