As eleições estaduais e nacionais se aproximam e as capitais são os
locais onde o debate político tende a acontecer de forma mais intensa.
Fortaleza, quinta capital do País em população, é responsável por 26% do
eleitorado do Ceará, e exerce influência significativa na política
local. De maneira tal que o papel da principal cidade do Estado numa
disputa pelo comando do Palácio da Abolição se configura para além dos
números. Ter o prefeito deste importante reduto eleitoral como aliado,
por exemplo, pode ser uma arma decisiva. Mas tudo vai depender, é
claro, do seu nível de popularidade, e da capacidade do candidato de
penetrar no complexo mundo político do Interior.
Historicamente, a
metrópole funciona como centro irradiador de opinião pública, exercendo
papel importante nas opiniões de sua região metropolitana e demais
municípios. Existem diferenças, entretanto, entre o eleitor fortalezense
e de outros locais. “O comportamento do eleitor fortalezense,
principalmente após a redemocratização, é crítico em relação à
concentração de poder nas mãos do Governo do Estado. Isso varia de
acordo com o cenário, mas esse é o histórico do eleitorado”, afirma
Aurízio Freitas, analista político. Ou seja, conquistar a confiança do
eleitorado de Fortaleza - já tachado como “rebelde” - é uma tarefa bem
mais complicada.
De 1986, quando foi eleita Maria Luiza Fontenele
(PT) para prefeitura da cidade, até 2008, quando Cid Gomes (ex-PSB,
atual Pros) apoiou a reeleição de Luizianne Lins (PT), impera no Estado
uma rivalidade entre as administrações municipais e estaduais, com os
eleitores da Capital tendendo a não apoiar o candidato do governador de
plantão. A exceção foi a eleição de 1988, quando Ciro Gomes (à época
PMDB, atual Pros) foi eleito prefeito de Fortaleza apoiado pelo então
governador Tasso Jereissati (PSDB). Seu vice, Juraci Magalhães, acabou
assumindo o poder quando Ciro foi eleito governador. Tinha grande
popularidade, mas nunca foi aliado do chamado “Cambeba” nas disputas
estaduais.
Em 2009, Luizianne e Cid tiveram sua relação abalada
após conflito em relação à instalação de um estaleiro no Titanzinho.
Embora o PT tenha apoiado a reeleição de Cid em 2010, o governador não
contou com o apoio explícito da então prefeita. Foi nas eleições de 2012
que governo e prefeitura romperam relações e voltaram a dialogar após a
eleição de Roberto Cláudio (Pros).
Influência de RC
Questionado
sobre a influência que Roberto Cláudio - eleito com o apoio de Cid -
poderia exercer sobre os eleitores da Capital, o deputado Heitor Férrer
(PDT) defende que o eleitorado tende a não seguir suas orientações
devido à má avaliação de sua gestão. Segundo pesquisa Ibope/CNI
divulgada em dezembro do ano passado, a atual administração municipal
possui 42% de avaliação como ruim ou péssimo e apenas 24% como bom ou
ótimo. Para o consultor Teixeira Santos, “o prefeito ainda não tem marca
de governo. Não tem uma biografia para assumir um papel mais relevante
nessas eleições para o Governo do Estado”.
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