O cenário no sertão é de alegria, com o verde proporcionado
pelas chuvas, na maioria das regiões. A expectativa dos agricultores é
de uma boa colheita, bem diferente do ano passado. Em muitas regiões,
inclusive, já estão apanhando feijão e as primeiras espigas de milho. O
aumento das chuvas a partir da segunda quinzena de fevereiro é
responsável pela melhoria na safra no Estado do Ceará neste ano. Órgãos
que atuam na área confirmam a realidade dos sertanejos. A projeção é que
a safra seja maior em 339,92% que a safra passada.
O quadro crítico do ano passado e de 2012 será revertido, conforme
relatório do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), feito
por meio do Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Ceará
(GCEA), que atribui a melhoria dos prognósticos ao crescimento das
chuvas especialmente na macrorregião do Cariri, que concentra grande
parte da produção de milho, principal produto da safra de grãos do
Ceará.
A expectativa de produção do terceiro relatório deste ano é de
1.071.069 toneladas de grãos em 2014. Comparando-se à estimativa do mês
de fevereiro (1.004.154t) cresce 6,66%. Comparando-se à primeira
estimativa do ano (1.069.109 t), representa crescimento de 0,18%.
Segundo o documento, produzido mensalmente, a produção será boa, na
maioria das regiões, principalmente na comparação com o ano passado.
Boa produção
"Mesmo com a irregularidade espacial e temporal, em algumas regiões
haverá boa produção. Outras, porém, continuam prejudicadas. No geral,
vai ter uma boa safra no Estado", avalia Regina Dias, coordenadora do
Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Ceará (GCEA), do
IBGE.
No Cariri, a média das precipitações, registradas entre os dias 15 de
fevereiro e 16 de março, foi maior que o normal, chegando a 206,3mm,
quando a média normal é de 197,2mm.
Outra observação do IBGE é que as chuvas tiveram boa intensidade no
período, como por exemplo em 16 de março choveu em mais de 70 cidades do
Interior cearense com precipitações que chegaram a 108.4mm. No período,
as chuvas se concentraram principalmente nas regiões do Sertão do
Inhamuns e Jaguaribana, revertendo um pouco do quadro anterior, pois
estas apresentavam situação crítica. E no Sertão Central também
ocorreram boas precipitações, acima de 80mm.
Conforme o estudo, os produtos que apresentam crescimento da estimativa
de produção de 2014 são algodão herbáceo de sequeiro, fava, feijão de
corda, milho e sorgo. Apresentam redução na estimativa arroz de
sequeiro, feijão de primeira safra e a mamona.
Para a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do
Ceará (Fetraece), as chuvas de março e abril trouxeram ânimo para a
produção e a expectativa é de uma safra que supere a casa dos 60%, em
média.
"Na grande maioria das regiões do Estado aponta para uma maior colheita
e, em muitas, os agricultores já estão colhendo. Continua a
vulnerabilidade de algumas regiões, mas no geral, como Cariri, Baturité,
Centro-Sul e Metropolitana, as perspectivas são boas", avalia o
presidente da Fetraece, Luiz Carlos Ribeiro.
Satisfação
Na região Centro-Sul, as chuvas têm sido favoráveis à agropecuária.
Quem plantou está animado e já começa a colher milho e feijão verde. Na
localidade de Santa rosa, zona rural de Iguatu, os produtores estão
satisfeitos com a safra de feijão verde, cultura tradicional, que
abastece o mercado local. Os grãos são levados para a feira livre,
mercadinhos e supermercados. A boa safra neste ano contribuiu para
manter estável o preço do produto na Semana Santa, período em que há
aumento do consumo.
Em Russas, na Região Jaguaribana, a colheita ainda não iniciou, mas há
perspectiva de, no início de maio, a colheita aumentar, segundo afirmou o
presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Russas, José
Cândido. A principal cultura deverá ser o feijão.
Em Crateús, a colheita já começou em várias localidades. O agricultor
Antônio Ribeiro começou a colher nessa semana o feijão plantado por
volta do dia 20 de janeiro, bem como o milho cultivado em seus nove
hectares de terra.
"Nesses dias da Semana Santa já estou comendo com a minha família o feijão e o milho do nosso plantio", diz.
Mais informações
IBGE
Av. 13 de Maio, 2901
Benfica – (85) 3464.5342
Fetraece- (85) 3231.5887
Fortaleza
Canindé institui apoio com Bolsa Verde
Canindé. Criado para apoiar ações voltadas de
incentivo ao ecossistema e manutenção sustentável do solo, o Bolsa Verde
avança na direção da erradicação da pobreza no campo. "A grande
finalidade do projeto é acompanhar, incentivar e orientar trabalhadores
rurais sobre os cuidados com a terra, vegetação e animais, além de
trabalhar as questões relacionadas ao uso racional da água, energia
elétrica e não uso de inseticidas'', explica o idealizador do programa, o
secretário de Meio Ambiente, João Paulo Paulino.
Segundo ele, o público alvo são homens e mulheres que trabalham
diretamente com a terra, fauna e a flora locais. "Eles são os guardiões
da natureza'', diz o secretário.
Os grandes benefícios são a preservação do bioma caatinga, produção de
alimentos mais saudáveis, aliado a agricultores mais conscientes
ambientalmente. Na primeira fase serão atendidos 20 trabalhadores
rurais.
Além da Prefeitura, fazem parte do projeto inédito no Ceará,
Associações Comunitárias, Organizações não Governamentais, Sindicato dos
Trabalhadores Rurais, movimentos sociais e a comunidade em geral, onde
estão sendo identificados os agricultores que têm uma prática
sustentável. "Iremos desenvolver também ações como plantio de mudas
nativas e frutíferas, confecção de sabão ecológico a partir do
reaproveitamento do óleo de cozinha, disseminação de práticas
agroecológicas, uso sustentável dos recursos naturais e assistência
técnica'', garante ele.
Para subsidiar as famílias, a Prefeitura de Canindé vai dar um bolsa
trimestral no valor de R$ 200,00 por um período de dois anos, podendo
ser renovado posteriormente. "Vamos conservar o bioma caatinga,
recuperarmos as áreas degradadas, diminuir a caça predatória e,
consequentemente, preservar definitivamente o meio ambiente", salienta o
secretário.
Na opinião do prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo, o Bolsa Verde tem
como finalidade promover a cidadania, a melhoria das condições de vida e
a elevação da renda da população que exerce atividades de conservação
dos recursos naturais no meio rural.
"O projeto é um marco diferencial a favor das comunidades tradicionais e
agricultores familiares, representando um passo importante na direção
de reconhecer e compensar esses grupos pelos serviços ambientais que
prestam a sociedade'', ressalta. O Prefeito lembra ainda que o
desenvolvimento do uso sustentável dos recursos naturais em unidades de
conservação atingirá também assentamentos diferenciados da Reforma
Agrária ou territórios ocupados por comunidades tradicionais.
"A transferência dos recursos do Programa Bolsa Verde está condicionada
ao cumprimento dos compromissos assumidos pela família beneficiária
para conservação dos recursos naturais'', frisa o prefeito.
Entre os beneficiados está José Erivaldo Ferreira Coelho, que mantém
uma propriedade totalmente ecológica no Rancho São José na localidade de
Minador, no Distrito de Caiçara, a 18 quilômetros da sede de Canindé.
"É um grande passo que o governo municipal dá em defesa da natureza.
Sempre sonhei com isso e hoje, me sinto realizado pela tamanho da
grandeza de um projeto que irá mudar a qualidade de vida de muitas
pessoas que trabalham na zona rural'', comemora José Erivaldo.
Outro que faz parte do Bolsa Verde é Cícero Almeida de Sousa, do
Assentamento Fé na Luta, também no Distrito de Caiçara. "Nunca quis
conversa com esse negócio de veneno. Tudo tem que ser natural e, agora,
com o apoio do município, vou trabalhar com mais consciência o solo'',
diz Cícero, que tem uma cisterna de enxurrada na sua terra.
Mais informações
Secretaria Municipal do Meio
Ambiente de Canindé
Rua Tabelião Facundo,154
Centro
Telefone: (85) 9902.5983
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