Com a redução do volume do Castanhão, algumas atividades produtivas, como produtivas agricultura, pecuária e criação de peixe em cativeiro além do abastecimento de milhões de famílias, ficam comprometidos.
O baixo nível dos reservatórios é consequência de seis anos seguidos de chuvas abaixo da média no Estado. O secretário Dedé Teixeira, titular da secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) afirmou que não está descartada a possibilidade de racionamento de água para as cidades da RMF e do Baixo Jaguaribe.
A travessia dos chamados “B-R-O Bros” (setembro a dezembro) vai trazer fortes impactos mediante o sol intenso, cobertura de nuvens reduzida, aumento da temperatura e da evaporação.
Volume morto
Para o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) que administra o Castanhão e outros reservatórios federais, o açude deve alcançar o volume morto em fins de outubro ou início de novembro, quando atingir a cota de 250 milhões de metros cúbicos. Tecnicamente, o volume morto é a reserva de água mais profunda, abaixo da cota de captação, ou seja, a liberação de água deixa de ser por gravidade e exige bombeamento. Já para a Cogerh, o Castanhão atinge o volume morto quando alcançar a cota de 60 milhões de metros cúbicos. Atualmente, ele libera 4,3 m³/s para o leito do Rio Jaguaribe e 3,0m³/s para o Eixão das Águas, que atende a RMF. A Cogerh estima que, em 31 de dezembro de 2017, o Castanhão deverá acumular cerca de 169 milhões de metros cúbicos.
No fim do ano, o Orós deverá ter um volume reduzido para 6,2%, equivalente a 120 milhões de metros cúbicos. Atualmente, o açude libera 3m³/s para atender demanda de Feiticeiro, Lima Campos, Jaguaretama e outras localidades no Vale do Jaguaribe. A preocupação é que o governador autorizou a instalação, em caráter de urgência, de uma adutora do Orós para Icó com vazão de mais 400l/s. O integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Jaguaribe, Paulo Landim, mostra preocupação. “No ritmo que vai, o Orós deve chegar em fins de janeiro em torno de 4%”.
Crise
Neste período do ano, o sol está ardendo no sertão cearense e, nos próximos meses, a temperatura tende a subir cada vez mais. No Estado, a estação chuvosa ocorre entre fevereiro e maio. A média pluviométrica de junho, o primeiro mês após a quadra chuvosa, é de 37.5mm e a de julho é somente de 15.4mm. Em agosto é de 4.9mm; em setembro, 2.2mm; em outubro sobe para 3.9mm; em novembro, é de 5.8mm e em dezembro chega a 31.6mm. Neste ano, junho apresentou em média um déficit de chuva de 32.1%. Em julho ocorreu um índice positivo de 99.3%, mas em agosto voltou a cair, e registrou um desvio negativo de 59,2%.
Os dados da Funceme revelam que o trimestre junho, julho e agosto foi melhor neste ano, em comparação com 2016. Em julho do ano passado, houve em média um déficit de 93.2%, mas, no mesmo período de 2017, ocorreu um índice positivo de 99.3%. Em agosto choveu menos, tanto em 2016 (-98.8%), quanto em 2017 (-52.3%).
Os mapas de chuva da Funceme revelam que, ao longo do mês de agosto passado, houve registro de chuva em 20 municípios, mas a maioria precipitações muito reduzidas, abaixo de 5mm. A exceção foram chuvas de 29.6mm em Redenção e de 24mm em Quixeramobim, no dia 26. Nos outros dias em que choveu houve registro praticamente em apenas uma localidade no Estado.
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