quinta-feira, 17 de março de 2016

PISTOLEIRO DIZ SABER QUEM ENCOMENDOU EXECUÇÃO DO RADIALISTA GLEYDSON CARVALHO

Apontado como um dos pistoleiros que entraram na Rádio Liberdade FM, em Camocim (CE), para matar o radialista Gleydson Carvalho, Thiago Lemos da Silva narrou, durante depoimento ao promotor de Justiça Eloisom Augusto da Silva Landim e ao delegado Herbert Ponte e Silva, ocorrido em Fortaleza, detalhes um tanto comprometedores, para não dizer seríssimos, sobre o caso.
No depoimento, ele cita o nome do prefeito de Martinópole, James Bell, em uma situação em que o gestor municipal seria o mandante da morte do radialista.
Em contato da reportagem com James Bell, ele nega qualquer envolvimento com o crime, e chegou a dizer que não tinha conhecimento de que havia sido citado em qualquer depoimento que fosse. O prefeito não permitiu que a entrevista fosse gravada.
Thiago Silva, na verdade, conta detalhes de uma “discussão” que teria ouvido, protagonizada entre um dos tios do prefeito e a mulher desse tio, que vem a ser Batista Dentista.
“Que em uma dessas discussões ouviu quando a mulher de Batista perguntava quem estava mandando fazer isso e Batista dizia que era o Prefeito James”, traz o depoimento.
Um pistoleiro saber o nome do prefeito de Martinópole James Bell é no mínimo comprometedor, principalmente, dentro de um contexto nada promissor, quando membros da família do chefe do executivo municipal e pessoas ligadas à prefeitura de Martinópole foram presas e denunciadas por envolvimento no assassinato que chocou o país e repercutiu mundo a fora.
Por isso, uma das peças chaves desse quebra-cabeças é justamente a prisão de Batista Dentista, mas ele ainda está foragido. Isso se já não existir caminhos e indícios suficientes para dar um desfecho ao caso.
O certo é que o depoimento de Thiago teria ajudado a prender ao menos um, mas não afetou ainda o prefeito James Bell.

Radialista era pra ter morrido bem antes
Thiago Silva diz ainda em seu depoimento que o apontado como que sendo o segundo pistoleiro, de nome Israel [o 'Baixinho'], só não matou Gleydson Carvalho antes do dia da investida que acabou por ceifar a vida do radialista, porque o “indivíduo magrinho” que levou Israel à rádio temeu quando a ordem de matar foi dada por “Batista”. A dupla havia visto o radialista entrando na rádio, mas não agiu naquele momento.
“Que no terceiro dia em Serrota, Batista foi buscar o declarante e Israel para a casa de Chico dentista; Que ao chegarem na casa de Chico, Israel foi juntamente com um homem magrinho, que tem olhos claros, com uma mancha dentro do olho, o qual o declarante reconheceu nesta delegacia através de fotografia em um veículo corola ver se o radialista estava na rádio; Que soube que quando Israel chegou juntamente com esse indivíduo magrinho na rádio viram o radialista chegar na rádio. Que o radialista só não foi executado naquela hora porque o dono do corola não queria que seu carro aparecesse”, diz trecho do depoimento.

O homem que fez a ponte com o pistoleiro: "Zanoio"
O depoimento de Thiago Silva traz ainda quem teria feito o contato com ele em nome de Batista Dentista. As características dadas pelo suposto pistoleiro é a de um homem “zanoio”, residente em "Itarema" e de nome "Roberto". O contato foi feito em julho de 2015.
“Que nesse ano corrente [2015] aproximadamente no mês de julho a pessoa de nome Roberto, o qual é “zanoio” e reside em Itarema, foi até a residência do declarante e disse “que tinha uma pessoa que queria falar com o declarante, pois queria que ele fizesse um serviço para ele”; Que Roberto levou o declarante até a casa de Batista na localidade de Remanso município de Marco e este falou que queria matar um radialista”, entregou.
No depoimento, Tiago revela também inúmeros outros detalhes, como a participação de Chico Dentista na trama criminosa.
O radialista Gleydson Carvalho foi morto a tiros no dia 6 de agosto de 2015.

Veja a íntegra do depoimento de Thiago Lemos da Silva

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