sexta-feira, 1 de maio de 2015

Temer rebate acusações de Renan

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou em nota divulgada, na tarde de ontem, que não usará o cargo "para agredir autoridades de outros Poderes" e ressalta que o "País precisa, neste momento histórico, de políticos à altura dos desafios que hão de ser enfrentados".
O posicionamento de Temer, que também é presidente nacional do PMDB, ocorreu menos de três horas depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticá-lo.
Referindo-se indiretamente a Temer, o senador afirmou ontem que o PMDB não pode ser coordenador de Recursos Humanos do governo Dilma. Desde o início deste mês, o vice-presidente acumula o cargo de articulador do Palácio do Planalto tendo como uma das missões negociar os cargos do segundo e terceiro escalões.
"Não usarei meu cargo para agredir autoridades de outros Poderes. Respeito institucional é a essência da atividade política, assim como a ética, a moral e a lisura. Não estimularei um debate que só pode desarmonizar as instituições e os setores sociais", rebateu Temer em nota.
Ele ressaltou ainda que o País precisa de políticos à altura para enfrentar os problemas postos na área econômica. "Trabalho hoje com o objetivo de construir a estabilidade política e a harmonia ensejadoras da retomada do crescimento econômico em benefício do povo brasileiro. Se outros querem sair desta trilha, aviso que dela não sairei", concluiu o vice-presidente.
Mais cedo, Renan Calheiros elevou o tom contra a articulação política entre o governo e o Congresso Nacional conduzida por Temer. Sem acusá-lo claramente de estar distribuindo cargos, o presidente do Senado afirmou que o PMDB não pode se transformar em um "coordenador de RH".
"O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior que é no aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH, para distribuir cargos e boquinhas. Eu acho que isso tudo faz parte de um passado do Brasil que nós temos que cada vez mais deixa-lo para trás", atacou.
Desde que assumiu o posto de articulador do governo, Temer negocia com nomes da base aliada indicações para os cargos de segundo escalão do Executivo, como presidências de bancos e de autarquias.
"A condução do presidente Temer tem que ter como objetivo dar um fundamento à coalizão, qualificar a coalizão de governo. O papel é esse, não o retrocesso que essa distribuição de cargos significa. Não se trata de saber quem é o dono da coalizão. Trata-se de acabar com o aparelho. Não adiante mudar o dono do aparelho", afirmou.
Renan voltou a dizer que não quer indicar cargos para o Executivo. Questionado se pediria para quem já foi indicado por ele a deixar seus cargos, ele não respondeu. "Não vou indicar cargo no Executivo. Esse papel hoje é incompatível com o Senado independente. Prefiro manter a coerência do Senado independente não participando de forma nenhuma de indicação de cargos no Executivo".
Apesar de falar publicamente que não quer ter cargos no governo, a briga do presidente do Senado com o Planalto se intensificou após a demissão do ex-ministro do Turismo Vinícius Lages, parte da cota de Renan, substituído por Henrique Eduardo Alves, nome bancado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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