Em dois meses, o Ceará registrou três chacinas, que levaram à morte
um total de doze pessoas. Todas elas em importantes centros urbanos do
Estado, sendo duas na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e uma em
Sobral. A terceira chacina foi registrada na noite da última
segunda-feira, 4, na localidade do Barro Vermelho, município de Acarape,
na RMF. Os casos anteriores ocorreram no último domingo, 3, no
município de Maranguape (também na RMF) e no dia 13 de abril, no
distrito de Aprazível, em Sobral (a 230 km de Fortaleza).
Todos
os casos, segundo a Polícia, envolveriam o comércio ilegal de
entorpecentes e não ocorreram na Capital, acirrando a tendência de que
os crimes de pistolagem característicos do Interior e RMF estão dando
lugar às “rixas” causadas pelo tráfico de drogas. As três situações
chocam pela extrema violência, tendo como vítimas mulheres e crianças,
além de motivação torpe.
A ação, em Acarape, terminou com a
morte de dois homens e uma mulher: os irmãos José Ivan Costa Moura, 24, e
José Bruno de Castro Moura, 21; e Maria Janiele da Costa Silva, 18, que
era esposa de um deles. Um homem, identificado apenas como Sérgio, foi
baleado e sobreviveu. Conforme a Polícia Militar, o crime teria sido
causado por disputa de territórios de tráfico de drogas.
Já na
ação registrada em Maranguape, foram mortos Valdeci Moreno Costa
Júnior, 21, Stanley Matheus Fialho da Silva, 20, e Antônio David Lima da
Silva, 20. Duas pessoas saíram feridas. As vítimas seriam integrantes
da gangue do Parque Luzardo Viana, de Maracanaú, segundo a Polícia. Já
os executores fariam parte da facção da Área Verde, de Maranguape.
Em
Sobral, as vítimas foram Patrícia Farias da Silva, 30; a filha Emily
Farias, 15; o sobrinho, Geovane Nascimento; a mãe Maria de Jesus da
Silva, 53; e o vizinho, Aureliano da Silva. O crime teria sido vingança,
pois o autor acreditava que o esposo de Patrícia havia executado um
familiar dele. O marido dela seria um traficante e teria comandado a
execução em decorrência de uma dívida.
Prisões
Em Acarape, dois adolescentes que estavam com as vítimas prestaram depoimento. Ninguém foi preso.
No
caso de Maranguape foram detidas cinco pessoas suspeitas de
envolvimento no crime. Segundo a Secretaria de Segurança Pública
(SSPDS), a última prisão ocorreu ontem. Todos foram encaminhados à
Delegacia Metropolitana de Maranguape (DDM) e autuados por triplo
homicídio.
Já em Sobral, duas pessoas foram detidas. No
entanto, houve uma fuga da Delegacia de Capturas (Decap), e o mentor do
crime, José Cleiton Rodrigues, o Keké, conseguiu fugir. Segundo o
coronel da PM, Júlio Aquino, está detido Antônio Mourão, que se entregou
à Polícia durante um cerco. Mais dois envolvidos foram identificados e a
investigação continua. (Jéssika Sisnando, jessikasisnando@opovo.com.br)
Saiba mais
Chacina
O termo costuma ser utilizado para casos de múltiplos homicídios ocorridos em uma mesma situação e relacionados entre si.
Número de mortes
Para o delegado Pedro Viana, um crime só pode ser caracterizado como uma chacina quando existem a partir de três mortes.
Massacre Segundo
o advogado criminalista, Michel Coutinho, o termo também se enquadra
no massacre de mais de uma pessoa de forma brutal. Ele acredita que a
partir de duas pessoas, dependendo da violência empregada contra as
vítimas, ou da motivação, pode-se citar o caso como uma chacina.
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