De acordo com o gestor estadual, atualmente, 80% dos gastos públicos com a Saúde são pagos pelo Estado e apenas 20% pela União, realidade diferente da existente no ano de 2006, quando os custos eram bancados meio a meio. "Nos últimos oito anos, passamos dos R$ 285 milhões do tesouro para custeio, para R$ 1,462 bilhão. E os recursos que recebemos do SUS (Sistema Único da Saúde) eram em torno de R$ 250 milhões e hoje, em 2014, recebemos R$ 404 milhões", comparou o governador.
Camilo ainda reforçou a necessidade de mais verbas para a Saúde, sem as quais a resolução do problema não seria possível. "Ou a gente bota mais dinheiro ou se cria um outro mecanismo de fonte de financiamento da saúde pública brasileira", disse.
Na noite de ontem, após reunião com deputados da Comissão de Seguridade Social e Saúde da Assembleia Legislativa do Ceará, o governador declarou que irá contratar uma auditoria externa a fim de avaliar a situação e propor soluções de gestão.
Comitê
O serviço deverá atuar junto ao comitê proposto por ele para discutir o assunto, como o que está sendo feito com a Segurança Pública, reunindo, além de representantes dos governos federal, estadual e municipal, setores da sociedade, como entidades médicas, e os poderes Legislativo e Judiciário.
"Estou contratando uma auditoria externa e vamos fazer essa discussão num comitê de altos estudos para a gente pensar a saúde pública do Ceará, planejar a sustentabilidade, o que é preciso fazer", declarou Camilo. "O que eu puder melhorar na gestão, otimizando serviços, reduzindo custos nós vamos procurar fazer", completou.
O chefe do Executivo estadual ressaltou que o serviço a ser contratado servirá para o alcance desse objetivo. "Esse trabalho de assessoramento que nós estamos contratando é para dar esse olhar e tentar fazer o nosso dever de casa", disse.
Camilo também reconheceu a dificuldade da situação. "É um problema que precisamos enfrentar, não podemos jogar a responsabilidade pra ninguém ou culpar ninguém", disse. "Mas o que eu estou propondo é uma ampla discussão, um diálogo chamando todo mundo, sem partidarizar, sem outros interesses, mas como único interesse o bem do povo do Ceará", destacou.
No HGF, o governador verificou as deficiências da unidade denunciadas nas últimas semanas, como falta de medicamentos e materiais, e falou sobre a superlotação da unidade. "Existem pessoas por todos os corredores, isso ocorre todos os dias", admitiu. Contudo, ele viu a situação de maneira positiva. "O fato é que não estamos deixando de atender a ninguém". Camilo visitou toda área de medicamentos e, segundo ele, poucos itens estariam faltando na unidade e aguardando o abastecimento dos laboratórios fornecedores.
Leitos
Com relação à escassez de leitos, Camilo ressaltou que o número de vagas cresceu mais de 50% na rede estadual, ainda que tenha diminuído em números totais, especialmente pelo fechamento em hospitais particulares. "Se levantar o número de leitos no Estado, nós reduzimos o total em 3%", relatou. "Nós tínhamos, em 2008, 15.703 leitos, hoje temos 15.221", disse.
Conforme o gestor, as instituições privadas conveniadas ao SUS fecharam 1.300 leitos. "Hospitais privados sem fins lucrativos fecharam 9%, públicos federais no Ceará reduziram 12%", acrescentou. Já os hospitais públicos municipais teriam crescido 6%, e "o Estado aumentou 52% dos leitos hospitalares".
Na última quarta-feira, em reunião com diretores de hospitais do Estado, o governador autorizou a compra de mais leitos de retaguarda, como os que existem no Hospital da Mulher e no Hospital Geral Militar.
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