Em queda nas pesquisas de intenção de voto para as eleições
deste ano, a presidente Dilma Rousseff (PT) aproveitou o pronunciamento
feito ontem em cadeia nacional de rádio e TV para anunciar um pacote de
medidas com o objetivo de reverter o cenário político e acenar aos
sindicatos e às classes média e baixa, que compõem a maior parte do
eleitorado brasileiro.
Foram três os anúncios: a correção na tabela do Imposto de Renda, o
reajuste de 10% nos valores do Bolsa Família para todos os 36 milhões de
beneficiários e a manutenção da política de valorização de salário
mínimo. "Acabo de assinar uma medida provisória corrigindo a tabela do
Imposto de Renda, como estamos fazendo nos últimos anos, para favorecer
aqueles que vivem da renda do seu trabalho. Isso vai significar um
importante ganho salarial indireto e mais dinheiro no bolso do
trabalhador", declarou.
"Assinei também um decreto que atualiza em 10% os valores do Bolsa
Família recebidos por 36 milhões de brasileiros beneficiários do
programa Brasil sem Miséria, assegurando que todos continuem acima da
linha da extrema pobreza definida pela ONU. Anuncio ainda que assumo o
compromisso de continuar a política de valorização do salário-mínimo",
disse Dilma.
Petrobras
Responsabilizada pelos partidos de oposição por ter autorizado quando
presidente do Conselho de Administração da Petrobras a compra da
Refinaria de Pasadena, Dilma aproveitou o pronunciamento em cadeia de
rádio e TV para falar do escândalo que envolve a estatal.
"Quero reafirmar o compromisso do meu governo no combate incessante e
implacável à corrupção. Novos casos têm sido revelados por meio do
trabalho da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, órgãos do
governo federal", disse.
Crítica da oposição
A oposição sinalizou na noite de ontem que vai entrar com representação
na Justiça Eleitoral contra a presidente Dilma Rousseff por propaganda
política antecipada. Líderes do PSDB, do PSB e do DEM classificaram o
"pacote de bondades" e a defesa da Petrobras apresentados pela petista
em pronunciamento pelo 1º de Maio, em cadeia de rádio e televisão, como
plataforma para a campanha nas eleições de outubro. Entre as medidas
estão o reajuste de 10% no Bolsa Família e a correção na tabela do
Imposto de Renda.
"O PT está privatizando os pronunciamentos e utilizando recursos
públicos a favor de sua candidata. É o vale tudo eleitoral", disse o
líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
Mesmo sem apoio
Envolta em pedidos de partidos aliados - e até de setores de sua
própria legenda, o PT - pela retirada de sua candidatura para dar espaço
à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma
procurou minimizar o coro de "volta, Lula" e descartou a possibilidade
de abrir mão de disputar a reeleição.
Apesar da tentativa de minimizar o tema, Dilma garantiu que será
candidata, mesmo que perca o apoio de parte dos partidos aliados de seu
governo.
"Gostaria muito que, quando eu for candidata, eu tivesse o apoio da
minha base, agora, não havendo esse apoio, a gente vai tocar ela (a
candidatura) em frente", prometeu.
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