terça-feira, 13 de novembro de 2018

Peste suína atinge 10 municípios, mais de 500 animais abatidos


Animais acometidos por peste suína clássica (PSC) foram abatidos ontem em Ipu (295 km distante de Fortaleza). Mas este não é um caso isolado. O surto da doença já foi verificado em dez municípios do Estado até o momento, atingindo pequenos criadores, que não possuem a tecnicidade necessária para o manejo de suínos. Desde o início dos focos, mais de 500 animais foram abatidos como precaução para que a doença não se espalhasse.



Diretor de sanidade animal da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri), Amorim Sobreira explica que os trabalhos de combate à doença estão sendo realizados na região atingida - que está em estado de emergência sanitária desde o último dia 2 de novembro, após decreto do Governo do Estado - e investigação do foco inicial é realizado. A suspeita é que feiras irregulares, que comercializam animais sem certificações básicas, e atestados clínicos assinados por veterinários tenham expandido o problema.

Sobre o assunto
 

"Estamos monitorando e investigando as notificações. Descobrimos nos últimos dias focos em mais localidades. Foram coletadas amostras dos municípios e encaminhadas para o laboratório e já recebemos os diagnósticos", conta.



Forquilha, Groaíras, Santa Quitéria, Varjota, Moraújo, Cariré, Reriutaba, Frecheirinha, Graça e Ipu, são os dez municípios atingidos pelo surto. Presidente da Associação dos Suinocultores do Ceará (Asce), Paulo Helder Braga confirma os mais de 500 abates e diz que os pecuaristas serão indenizados a partir desta semana.



As indenizações equivalem ao preço de mercado da região, calculado pela Asce em R$ 5,20/kg. Mesmo com o sacrifício dos doentes, os criadores que estão na zona de atenção não poderão colocar animais na fazenda por espaço de um ano, até ser constatado que o vírus foi eliminado.



"Os trabalhos procurando debelar o problema o mais rápido possível vêm sendo realizados". Apesar da declaração, Paulo lamenta que a notícia do alastramento da peste causa impacto na impressão do consumidor quanto à carne, além do prejuízo causado aos maiores produtores fora da zona livre de peste suína clássica, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Tocantis, Rondônia e Acre e o Distrito Federal.



A dificuldade para controlar a origem e trânsito de suínos contribui para deixar o Estado de fora desta da zona segura. Por meio de nota divulgada no último mês, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) minimizou os riscos afirmando que o Ceará não faz parte do fluxo comercial para grandes centros e que os focos da doença foram detectados longe das grandes zonas exportadoras.



"O primeiro impacto é que com a notícia da peste suína o consumo reduz e os negócios no setor ficam prejudicados, pois não podemos nem mandar nem receber suínos. Complica também a programação das propriedades tecnificadas, que recebem animais de reprodução", complementa Paulo.



Em Ipu, um dos municípios com focos da doença, o secretário municipal da Agricultura, Alberto Martins, anuncia que esforços, como a realização de reunião com criadores, vêm sendo feitos para remediar os efeitos da doença.



Ainda de acordo com o secretário municipal, apoio logístico está sendo oferecido pela Prefeitura para escavação de covas para os bichos sacrificados. O secretário estima que cerca de 70 criadores até o momento tiveram os suínos afetados com a doença na região, mas acredita que esse número deva aumentar para mais de 90.



O perfil de criadores que tiveram os animais infectados é de pessoas que adquirem os suínos informalmente e não realizam ações de prevenção de doenças, criando os bichos em chiqueiros, fundos de quintal ou soltos na rua.



O desconhecimento sobre a doença também fez com que a situação fosse agravada na região e o surto fosse registrado. "Muitos produtores já tinham percebido os sintomas nos animais, mas não sabiam do que se tratava", acrescenta o diretor da Adagri.



Equipe de 20 veterinários da Agência, funcionários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa, Associação Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves) auxiliam nos esforços junto de profissionais vindos de outros estados do País como Paraná, Mato Grosso e do Distrito Federal, que trabalham desde 6 de outubro - quando o surto foi notificado pela primeira vez em Mulungu, distrito de Forquilha (a 215 km de Fortaleza). Os profissionais trabalham na investigação de suspeitas e cerco de 10 km em volta da área foi feito, além da proibição de entrada e saída de suínos do Ceará.



"Estamos com alerta disparado para as Polícias Rodoviárias Estadual e Federal para proibir a entrada e saída de suínos e seus derivados e outros estados também estão se resguardando. Isso já é um decreto federal e estadual: estamos em estado de emergência sanitária e com todas as nossas barreiras sanitárias fechadas. Estamos tomando essa precaução", afirma Amorim.



REPARAÇÃO

O dinheiro das reparações destinado aos criadores afetados pela doença deve ser depositado na conta da Asce nesta amanhã para depois ser distribuído


O POVO

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