terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Quase metade dos estudantes cearenses não conclui o ensino médio

A evasão e a repetência escolar são fenômenos interligados e a combinação deles aparece como uma das principais falhas do sistema educacional brasileiro. É o aponta pesquisa da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC). De acordo com o estudo, quatro entre dez jovens, entre 15 e 17 anos, não concluem o ensino médio no Ceará. Além disso, sete entre 100 alunos repetem a série mais de uma vez em três anos.
O estudo foi apresentado no auditório do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e traz uma análise das causas determinantes para esses dois gargalos do setor. A pesquisa teve como fontes o Sistema Permanente de Avaliação da Educação no Ceará (Spaece) 2008 e o Censo Escolar do mesmo ano. O recorte leva em consideração os três anos do Ensino Médio, ou seja, de 2008 a 2011.
Entre as causas da evasão, está a repetência escolar, o atraso (distorção entre idade e série), o nível escolar dos pais e a falta de motivação e integração (como deixar de fazer as tarefas de casa), o desejo de alcançar a independência financeira (principalmente entre os homens) e a dificuldade de deslocamentos.
A repetência está associada principalmente à falta de motivação, à má qualidade do ensino e, consequentemente, à formação do aluno. Sem falar na violência urbana, tráfico de drogas e gravidez precoce. O estudo também observou que os homens, por serem mais propensos que as mulheres a ingressarem no mercado de trabalho mais jovens, têm maior chance de repetir alguma série durante o ensino médio.
Em relação à raça, os pesquisadores constataram que ela não é importante para explicar a probabilidade de evasão. No entanto, ao tratar da repetência, aqueles que se declararam brancos tiveram uma redução de 13% nas chances de serem retidos ao longo do período analisado.
Para os estudantes cujas famílias são beneficiárias do Programa Bolsa Família, as chances de evadir ou repetir são aproximadamente 12% menores.
Segundo os autores Maitê Rimekká Shirasu e Ronaldo de Albuquerque e Arraes, a motivação do estudo está associada, por um lado, aos altos custos e à ineficiência econômica que a evasão e a repetência representam e, por outro, a obstruções para melhorias de indicadores educacionais que se refletem diretamente no crescimento econômico e mercado de trabalho.
A repetência, ressaltam, é um indicador de ineficiência grave no fluxo escolar, embora a verdadeira dimensão desse problema só transpareça quando se consideram os custos financeiros para a sociedade. Recente estimativa do Banco Mundial indica que o Brasil gasta mais de R$ 11 bilhões por ano com estudantes que repetem um ano.

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