quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Morte de empresário é desvendada


Francisco Fábio de Vasconcelos foi morto com três tiros na cabeça, na noite de 20 de julho de 2012 em sua empresa. Pistoleiros simularam assalto
Como enredo de uma telenovela, a Polícia esclareceu, depois de um ano e sete meses de investigação, a trama que resultou no assassinato de um empresário paraibano no Ceará. O crime ocorreu na noite de 20 de julho de 2012 na fábrica de salgados da vítima, localizada em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Ontem, quatro dos seis envolvidos no caso foram, finalmente, presos, entre eles, a viúva da vítima e seu amante, o ex-sócio do morto.
O paraibano Francisco Fábio de Vasconcelos tinha 49 anos de idade quando foi assassinado com três tiros na cabeça dentro de sua empresa, a 'Bizu Salgados',uma fábrica de xilitos localizada na rodovia CE-090.
O prédio foi invadido por três homens armados que, aparentemente, entraram ali para praticar um assalto. O empresário foi executado sumariamente, sem oferecer nenhuma resistência. Para aparentar a ideia de um crime de latrocínio (roubo seguido de morte), os assassinos roubaram cerca de R$ 7 mil.
Prisões
Ontem, a Justiça de Caucaia decretou a prisão dos implicados na trama. A viúva do empresário, Antônia Neuda Cândido de Oliveira Vasconcelos, 34; seu amante e então sócio da vítima, Erivaldo de Oliveira Pordeus, o 'Lourinho', tido como o mandante do assassinato; além de José Wilton da Silva Pires, o 'Zé do Cajueiro', que seria o intermediário na contratação dos três pistoleiros; e Elioberto Santana Moura, o 'Léo', um dos matadores que se passaram por ladrões.
Os quatro foram presos, na manhã de ontem, por inspetores e delegados da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), quando foram chamados para um suposto depoimento na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil (DGPC), Centro. Nas mãos da Polícia já estavam os mandados de prisão preventiva expedidos pelo juiz de Direito Michel Pinheiro, de Caucaia.
Outros dois envolvidos foram identificados nas investigações. Um deles está foragido e o outro, conhecido por Jardel, foi assassinado. Os três pistoleiros e o intermediários são moradores do Planalto Ayrton Senna, o antigo 'Pantanal', próximo ao Conjunto Prefeito José Walter.
A investigação sobre o crime teve início dias depois do suposto assalto. O delegado Luiz Carlos Dantas, então superintendente da Polícia Civil, designou o assessor técnico da DGPC, delegado Cladstone Sousa Braga para apurar o caso, tendo em vista as suspeitas de um crime de 'encomenda', mesmo tendo os assassinos tentado simular uma situação de assalto.
O número de tiros disparados contra o empresário (três) e direção deles (cabeça), além da constatação da Perícia de que a vítima não esboçara nenhuma reação contra seus algozes, deixaram claro para a Polícia que se tratava de um típico caso de execução sumária.
O sócio e a viúva
Com a morte de Francisco Fábio Vasconcelos, o sócio, Erivaldo Pordeus, o 'Lourinho', assumiu sozinho o controle da fábrica e tratou de afastar dos negócios as filhas do empresário.
Meses depois, apesar 'Lourinho' tentar manter em segredo seu relacionamento com a viúva do sócio assassinado, o romance entre os dois foi descoberto. A Polícia continuou investigando o caso em sigilo. As filhas do empresário acompanharam o trabalho da Polícia.
Através de provas colhidas no andamento das investigações, o delegado Cladstone chegou à conclusão de que realmente o crime fora 'encomendado' e que toda a trama foi articulada entre a viúva do empresário e o sócio.
'Lourinho' havia se tornado amigo e sócio de Francisco Fábio Vasconcelos depois que sua fábrica, localizada no bairro Ancuri, sofrera um incêndio. Os dois revolveram ser parceiros nos negócios e transferiram a empresa para Caucaia. No entanto, com pouco tempo de sociedade, surgiram desavenças. 'Lourinho' acusava Fábio de querer controlar a fábrica sozinho. Para a Polícia, a ideia de planejar o crime teria surgido nesta época.
Quanto à participação da viúva no planejamento do assassinato, as informações continuaram sendo apuradas em sigilo, até a conclusão do delegado de que Antônia Neuda realmente também se envolveu na trama com o amante.
O delegado Luiz Carlos Dantas, que, atualmente, é o diretor da DHPP, informou à Reportagem, na noite passada, que detalhes da apuração do crime serão reveladas hoje, em entrevista coletiva naquela unidade especializada da Polícia Civil.

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