O valor envolvido na realização do carnaval em Quixadá – R$ 379.000,00
– já é bem conhecido. O que muitos ainda não sabem, porém, é de onde
sairá este montante. Nas redes sociais não falta quem defenda este uso
do dinheiro público afirmando que se trata de uma suposta verba
específica, destinada aos festejos carnavalescos. Outros, porém, avaliam
que a grana envolvida poderia ser utilizada para fins mais importantes.
Em vista deste impasse, a pergunta que parece mais apropriada é esta:
de onde Quixadá vai tirar recursos para realizar o carnaval?
Como nenhum convênio foi firmado
exclusivamente para tal finalidade (pelo menos não foi oficialmente
informado pela prefeitura), resta como única opção o Fundo Geral do Município. É dele que sairá os quase 400 mil reais que serão gastos na folia.
O Fundo Geral
Mas o que é o Fundo Geral? É um fundo
formado por repasses estaduais e federais não conveniados, sem
vinculação específica, mais uma boa parte dos impostos recolhidos pelo
município, incluindo ICMS, IPTU, IPVA, taxas afins e outros. Os recursos
do Fundo Geral não possuem destinação específica e são, geralmente,
utilizados para pagar parte da Folha, serviços contratados e para compra
de materiais. Os recursos oriundos do Fundo Geral são gastos de acordo
com as prioridades estabelecidas pelo gestor.
Assim, algo que se desfaz com as
constatações acima é o argumento de que o carnaval de Quixadá será
realizado com verba específica para tal festividade. Não é verdade. O
carnaval será financiado com recursos próprios do fundo geral,
autorizados pelo prefeito, e que poderiam sim ser utilizados para outras
finalidades.
Como poderia ser usado
Os quase 400 mil reais utilizados para
bancar a folia poderiam, por exemplo, pagar as diárias atrasadas de
todos os motoristas; poderiam colocar em dia a folha de pagamentos dos
cooperados da DINAMICA; poderiam estruturar o Hospital Eudásio Barroso
com equipamentos novos (camas, lençóis, travesseiros, material de
higiene, etc.); poderiam pagar muitas horas de trator para os
agricultores; poderiam patrocinar os campeões quixadaenses de karatê;
enfim, poderiam ser usados para quase qualquer coisa, desde que o
prefeito assim o autorizasse. A folia, no entanto, foi a eleita.
Recomendações do TCM
Na última semana, o Tribunal de Contas
dos Municípios do Ceará recomendou à várias prefeituras parcimônia no
uso de recursos públicos que poderiam ser usados para oferecer socorro
aos munícipes nesta época de seca. O apelo do tribunal, no entanto, foi
recebido com ouvidos de mercador por algumas prefeituras. Tentando
justificar os exorbitantes gastos com as festas de carnaval, o
presidente da Associação dos Prefeitos do Ceará, Expedito José do Nascimento, disse: “A gente precisa pensar também na juventude que quer festa.”
Em Santa Quitéria, a Justiça proibiu uso
do dinheiro público no carnaval por considerar absurdo que necessidades
prementes fossem desconsideradas em favor de folia. Em Maranguape, o
prefeito preferiu utilizar as verbas para furar poços
profundos. Caucaia, Solonópole, Umirim, Aurora, Farias Brito, Barro e
Hidrolandia também não terão a participação do executivo municipal nos
preparativos das festas de Carnaval em suas cidades.
Sem intenção de desistir da realização
das festas, algumas cidades buscaram alternativas após a recomendação do
TCM para rezudir os gastos e licitações no Carnaval 2014.
A busca por iniciativas privadas e a limitação da programação foram
algumas medidas tomadas. Quixadá, no entanto, manteve a programação de
gastos intacta. Pelo visto, o Fundo Geral do Município está em boas
condições.
Ainda na quarta-feira (26), o TCM irá
divulgar oficialmente os gastos com Carnaval dos municípios e as
informações sobre a folia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário