"A situação em todas as regiões do Ceará ainda é preocupante, mesmo
com o acréscimo de 5% na porcentagem da chance de chover na média entre
os meses de março a maio. Continuamos com chuvas abaixo da média. Por
isso, continuamos preocupados com a segurança hídrica dos reservatórios e
com a agricultura que depende da chuva". A observação é do presidente
da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos do Ceará
(Funceme), Eduardo Sávio Martins, durante divulgação do prognóstico
climático para os próximos três meses do ano.
De acordo com os dados do órgão, o prognóstico para o próximo trimestre
é de 40% de probabilidade de chover abaixo da média (continuando com a
mesma previsão para fevereiro, março e abril), 40% de chance de chover
na média (5% a mais que o prognóstico anterior) e 20% para precipitações
abaixo da média (5% a menos que na previsão anterior).
A Funceme fez também uma comparação das chuvas de janeiro e fevereiro
nos anos de 2012, 2103 e 2014, em todo o Estado. No primeiro mês dos
três anos , a média normal foi de 98.9, mas o que foi observado pela
Fundação foi um cenário bem diferente, com chuvas bem abaixo da média:
54mm, 37,6mm e 52,6mm, respectivamente.
Já em fevereiro, apenas em 2012 é que as precipitações foram acima da
média normal à época, que era de 127.2 e subiu para 138.1. Em 2013 e
2014, o quadro não foi favorável para o agricultor, sendo registradas
médias abaixo da normal, com 61.6mm e 102.5mm, respectivamente. Eduardo
Martins destacou que, em janeiro, todas as regiões do Estado receberam
precipitações abaixo da média e que neste mês de fevereiro apenas na
Região do Cariri é que foi registrada chuva em torno da média, deixando
as demais regiões na mesma situação desfavorável a um bom inverno.
Ainda em fevereiro, o órgão revelou que o Litoral de Pecém foi o que
registrou média com maior variação negativa, comparando-se à média
prevista para a região, que era de 130.6mm, sendo observada apenas
79.7mm.
Com um quadro desfavorável a um bom inverno para o próximo trimestre,
já que a previsão revela a continuidade de 40% de probabilidade de
chover abaixo da média, o presidente da Funceme ressaltou que,
atualmente, 51 reservatórios do Estado do Ceará estão com menos de 10%
de sua capacidade de abastecimento total, e mais 106 têm menos de 30% de
abastecimento.
Diante da situação, ele fez uma apelo à população cearense: que tenha maior cuidado com o uso da água.
"Tivemos uma melhora na porcentagem de chance de chover na média, se
comparada à previsão anterior, mas o que apresentamos foi um cenário
nada favorável, principalmente para a não recarga dos reservatórios. Por
isso, é muito importante que o cearense utilize a água racionalmente".
Sem chuva
Eduardo Martins cogitou ainda a presença do El Niño no Estado, no
segundo semestre deste ano. Para ele, o fenômeno causa preocupação para
os que vivem no campo já que é responsável por minimizar ainda mais as
chances de chuvas no Ceará.
Perguntado sobre uma previsão futura, para o ano de 2015, o presidente
da Funceme disse que se o prognóstico continuar nesta mesma realidade
para os próximos meses do ano, a situação não será nada favorável para a
agricultura familiar, bem como para a recarga dos reservatórios
hídricos.
Os números divulgados pela Funceme, sofreram pouca variação, comparando
com a previsão dos meses de fevereiro, a abril. No entanto, preocuparam
autoridades que atuam na linha de frente no combate à estiagem no
Estado. Foi o caso do titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário
(SDA), Nelson Martins. Para ele, a mudança pode até ser considerada
animadora, entretanto, o Governo continuará atuando em todo o Ceará no
combate e prevenção à seca. "Vamos continuar com nossas ações
estruturantes porque o atual quadro não resolve a situação de recarga
dos reservatórios".
Ele frisou que, entre as ações para minimizar os efeitos da estiagem,
estão o abastecimento de água pelos mais de mil carros-pipa, a
recuperação e instalação de mais de dois mil poços profundos, o
funcionamento de 170 mil cisternas, a implantação de 134 sistemas de
abastecimento em 44 municípios e o cadastro de 121mil agricultores no
Garantia Safra, que assegura ao agricultor o benefício de R$ 850,00 caso
o homem do campo perca 50% de sua safra, este ano.
Denise Nunes
Repórter
Itatira usa verba do Carnaval em poços
Itatira. O prefeito deste município, Antônio Almir,
decidiu aplicar os recursos que seriam utilizados na folia do Carnaval
para custear a perfuração de poços profundos para famílias que enfrentam
dificuldades com o abastecimento de água devido à seca. O prefeito
reclama que choveu, este ano, apenas 4 milímetros. "Nosso Índice de
Desenvolvimento Humano é um dos piores do Estado e não seria justo fazer
festa, enquanto nossos conterrâneos passam por dificuldades", disse
ele, mostrando que o IDH do município é de 0,319. Coloca Itatira na 177º
posição no Estado, ficando na colocação 3.123º no Brasil.
"Vivemos uma situação de pobreza extrema sem precedentes", lamenta ele. "Vamos matar a sede de nosso povo", disse.
As comunidades beneficiadas serão Areias, São Gonçalo, São José dos
Guerras, Bandeira Nova, e Alegre. O processo de identificação das
localidades foi feita pela Secretaria de Agricultura e Recursos
Hídricos, que será responsável pela instalação dos reservatórios'',
explica o prefeito.
Entre as famílias que precisam de urgência na liberação da água está a
família de João Maurício da Silva, residente na Comunidade de São
Gonçalo. Seu João sobrevive da agricultura de subsistência. Há mais de
50 dias diz que enfrenta dificuldades para conseguir água.
O prefeito Antônio Almir afirmou que cada poço servirá para atender em
média 70 famílias, e, que irá trazer um conforto grande para os
moradores da zona rural. "A seca maltrata o ser humano e os animais.
Ainda não tinha visto drama tão grande", diz Antônio Almir.
"Nossa expectativa é que cada poço possa gerar uma média de 7 mil
litros por hora, dando assim uma grande condição de abastecimento para
os habitantes das áreas mais críticas da região'', prevê o prefeito.
Recursos
Ele disse ainda que não sabe precisar quanto irá gastar na compra de
equipamentos para instalar os poços, mas calcula um poço instalado em
torno de R$ 5 mil. "Vamos usar os técnicos da Secretaria nesse processo e
assim fica mais barato. Os recursos são reduzidos, para o grande número
de necessitados. Vamos pedir ajuda ao Governo do Estado, no sentido de
aumentar a nossa demanda'', explica Almir.
O prefeito lembra que a insegura hídrica na cidade atinge 48% e não seria justo deixar essas famílias sem água.
Mais informações:
Funceme
Avenida Rui Barbosa, 1246
Telefone: (085) 3101.1088
Aldeota
SDA: (85) 310.8105
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