O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) enviou sangue raro para a cidade de Medellín, na Colômbia. O material foi ultilizado nesta quarta-feira, 12, em transfusão de uma criança de um ano e dois meses de idade. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), é a primeira vez que um estado brasileiro faz uma doação desse tipo. É também a primeira vez que a Colômbia recebe o fenótipo Bombay, mais comum na Índia.
A paciente colombiana teve um sangramento digestivo grave, seguido de desnutrição e anemia, e precisou receber transfusão com urgência. Na Colômbia, contudo, não existia nenhum doador que pudesse tornar a doação possível. Um cearense de 23 anos com o mesmo tipo sanguíneo se dispôs a doar. Cerca de 350 ml de sangue foi usado na transfusão. Apenas 11 famílias no Brasil possuem o fenótipo Bombay, tipo sanguíneo raríssimo no mundo, conforme a Secretaria da Saúde.
Para a diretora geral do Hemoce, Luciana Carlos, a ação faz com que o momento atravessado pela Saúde no Ceará seja histórico. "O Hemoce tem um trabalho muito importante para a saúde do Ceará e a gente tem percebido que as nossas fronteiras estão sendo rompidas. Nós temos enviado medula óssea para outros países e estados sistematicamente e agora, pela primeira vez, foi possível identificar e convocar esse doador raro".
A coordenadora do laboratório de Imuno-hematologia do Hemoce, Denise Brunetta, afirma que o fenótipo Bombay não pode receber nenhum outro tipo de sangue. "É feito no Hemoce já há quase quatro anos uma busca de doadores raros de toda a hemorrede. Fazemos uma busca a partir da fenotipagem, procurando ativamente nos grupos sanguíneos O", explica. "Ceará é diferenciado nesse aspecto porque concentra boa parte do sangue raro do Brasil".
O Hemoce foi comunicado da necessidade na última sexta-feira, 7. No sábado, a doação foi realizada. A bolsa chegou em Medellín na última segunda-feira, 10. Um dos fatores que ajudou na agilidade da entrega do material foi o apoio do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e e do Escritório de Cooperação Internacional do Ministério da Saúde da Colômbia na liberação dos documentos necessários.
"O primeiro passo foi entrar em contato com o doador e convidá-lo a realizar a boa ação. Quando liguei e contei sobre o caso, ele mostrou-se sensível à atitude solidária e já no dia seguinte esteve no Hemoce", diz a coordenadora da captação de doadores Nágela Lima. "A doação de sangue demonstra que atitudes simples podem trazer a esperança na vida de pacientes que aguardam por uma transfusão independentemente do tipo sanguíneo".
Conforme o jornal El Colombiano, a busca chegou a ser expandida a outros países pela Organização Panamericana de Saúde, mas a rede de bancos de sangue brasileira foi a única que conseguiu identificar um possível doador. Na Índia, uma a cada 10 mil pessoas tem o tipo sanguíneo. Na Europa, o número é reduzido a um em um milhão.
De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), o Ministério da Saúde determina que a identidade do doador raro seja preservada por razão de segurança.
Redação O POVO Online
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