O Partido dos Trabalhadores (PT) é composto por algumas tendências com
pensamentos distintos sobre diversos temas da política nacional e que
divergem sobre o modelo adotado pela presidente Dilma Rousseff. Para
alguns membros desses setoriais, a crise pela qual o País passa deve
atingir a gestão de Camilo Santana, independentemente do posicionamento
partidário do governador do Ceará.
Segundo Elmano Freitas, presidente do PT de Fortaleza e membro da
corrente Democracia Socialista (a mesma de Luizianne Lins), o Governo
Federal é o maior culpado pelos seus desgastes devido às medidas que
tomou e que vão de encontro aos interesses da maior parte da população,
como os reajustes feitos à pensão por morte, seguro-desemprego e ajuste
fiscal. "Temos que renovar nossas bandeiras políticas e apresentá-las à
sociedade. O que está posto aí não satisfaz a sociedade e muito menos a
militância do PT", apontou.
Para Elmano, o PT errou ao não fazer uma avaliação de seu Governo e não
garantir reformas estruturais, como a democratização das comunicações e
reformas tributária e política. "Temos que ser mais duros e rígidos
sobre filiados do partido. Passamos a admitir dinheiro de empresa para
financiar a vida partidária e temos que debater isso".
De acordo com Freitas, mesmo sendo lançado pelo ex-governador Cid
Gomes, do PROS, Camilo Santana, do PT, é visto como uma figura do
partido e a população tem feito essa distinção. Para ele, as ações de
Santana vão dizer se ele está adotando uma postura petista ou não.
Políticas sociais
Elmano diz acreditar que Camilo será colocado à prova quando lançar o
Plano Estadual de Segurança. "Se vier com essa visão de mão amiga para a
sociedade, no sentido de apresentar políticas sociais para a maior
parte da população, vai ter a cara do PT. Mas se for somente de
repressão, não vai ter a cara do partido", declarou.
Para Artur Bruno, da tendência Mensagem ao Partido, o problema está no
desgaste natural de governar o País pela quarta vez, conciliando uma
vasta aliança de partidos. "Estamos vivendo uma crise econômica. São
necessárias medidas duras nesse ano e somente a partir do próximo ano
teremos uma situação econômica mais propícia para as políticas públicas e
sociais", diz.
Bruno acredita ainda que o Governo de Camilo Santana, assim como os
outros governos estaduais, vão ser atingidos com as políticas do
Planalto, mas defende que isso faz parte do processo de correção de
rumos.
Da Militância Socialista, Acrísio Sena discorda que a crise tenha
relevância por intrigas internas da legenda e alega que houve
distanciamento do PT dos movimentos sociais e sindicais. Justifica que
os principais quadros dos movimentos foram levados para a gestão e o PT
ficou debilitado em sua base social. "Estamos vendo há um tempo uma
campanha ostensiva contra o PT na tentativa de criminalizar o partido.
Não podemos ficar reféns do Congresso, temos que ter governabilidade do
povo".
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