sábado, 18 de abril de 2015

(Hospitais do interior) Saúde pública clama por socorro

Os hospitais polos regionais no Interior do Ceará enfrentam dificuldades financeiras para se manter em funcionamento. A crise vem se agravando a cada mês ante a falta de repasses de recursos suficientes pelo governo estadual e federal.
O prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, solicitou oficialmente que o governo do Estado que assuma a gestão da unidade. A proposta, apresentada por meio de ofício, foi entregue, recentemente, ao secretário de Saúde do Estado, Carlile Lavor, que ainda não se pronunciou.
Na prática, o gestor municipal apresentou duas propostas: o Estado assumir a gestão administrativa e financeira do Hospital Regional de Iguatu Dr. Manoel Batista de Oliveira ou ampliar o repasse de verba mensal para a instituição. "Estamos aguardando uma resposta da Secretaria da Saúde do Estado", disse Alcântara.
Na próxima segunda-feira está prevista a realização de uma audiência na Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública, com a participação da promotora Isabel Porto, do prefeito Aderilo Alcântara, assessores e representantes da Secretaria da Saúde do Estado. A audiência foi motivada pelo Ministério Público Estadual (MPE) da comarca de Iguatu.
A crise financeira, as reclamações da população sobre a falta de médicos e dos próprios prefeitos da região Centro-Sul que encaminham pacientes para o hospital polo de Iguatu já motivaram audiências no Ministério Público Estadual. Na semana passada, foi realizada a mais recente audiência com a presença de alguns prefeitos e secretários de Saúde dos municípios, sob a coordenação do promotor de Justiça, Flávio Pinheiro de Souza. Os gestores municipais reafirmaram a impossibilidade de ampliar o repasse de verba para o Hospital de Iguatu.
"A saúde está um caos, não se consegue a transferência de pacientes para o hospital regional de Juazeiro, que está lotado, e há uma fila de mais de 40 pacientes esperando por cirurgia traumatológica. Chegamos a uma situação insustentável", disse Alcântara. O prefeito lembrou que solicitou da Sesa, em 2014, recursos mensais de R$ 70 mil para a contratação de um anestesista e de um traumatologista, mas não foi atendido.
Em janeiro passado, prefeitos da região se encontraram com o secretário Carlile Lavor para mostrar as dificuldades que a unidade enfrenta e solicitar a ampliação de repasse de verba por parte do Estado. De lá para cá, mais duas audiências foram realizadas com o titular da Sesa.
Aprece
O prefeito de Piquet Carneiro (que integra a microrregião de Iguatu), e presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito José do Nascimento, confirmou que vem sofrendo cobranças de outras regiões sobre problemas semelhantes no setor de Saúde. "O governo precisa tratar todas as cidades e regiões com igualdade, sem privilégios", defendeu. "Estou tentando uma audiência com o governador para tratar desse tema".
Ainda em janeiro passado, prefeitos e secretários de Saúde de cidades que têm hospitais polos reuniram-se, na sede da (Aprece) com o secretário de Saúde do Estado. O esforço comum é a busca de solução para resolver a crise financeira que se agravou nas unidades hospitalares. As despesas são elevadas e as receitas escassas, numa conta que não fecha e traz enormes dificuldades para os gestores.
Há 36 hospitais polos no Ceará, segundo a Sesa. Dois na Capital e 34 no Interior. São unidades públicas municipais ou filantrópicas que recebem recursos do governo do Estado e das prefeituras para ampliar a assistência à população na própria microrregião. As unidades polos ficam em Cascavel, Caucaia, Maranguape, Maracanaú, Baturité, Aracoiaba, Canindé, Itapipoca, Aracati, Quixadá, Quixeramobim, Russas, Limoeiro do Norte, Sobral, Acaraú, Tianguá, Tauá, Crateús, Camocim, Icó, Iguatu, Brejo Santo, Crato, Várzea-Alegre, Juazeiro do Norte e Barbalha. Alguns municípios têm mais de uma unidade.
Foram construídos pelo governo do Estado para atender a macrorregiões, o Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, e o Hospital Regional Norte, em Sobral, além do de Quixeramobim. Há projeto também para construção de uma quarta unidade em Limoeiro do Norte.
Região Central
As duas maiores cidade do Centro do Estado, Quixadá e Quixeramobim, enfrentam realidades diferentes. Enquanto o prefeito de Quixeramobim, Cirilo Pimenta, busca agilizar o início do funcionamento do Hospital Regional do Sertão Central, cujas obras foram concluídas no fim do ano passado, o prefeito de Quixadá, João Hudson Bezerra procura agilizar a ampliação do Hospital Municipal Eudásio Barroso. Os dois clamam da escassez de recursos mas não têm interesse em entregar a gestão dos seus hospitais ao Estado.
Desistência
O prefeito de Limoeiro do Norte, Paulo Duarte, depois de reuniões com o governo do Estado, desistiu de deixar o status de hospital polo regional para municipal e aguarda novas parcerias com a Secretaria de Saúde do Estado. O município investe cerca de R$ 700 mil por mês no Hospital Deoclécio Lima Verde.
A assessoria de Comunicação da Sesa informou que repassa por mês R$ 309 mil para o hospital de Iguatu, que atende a dez municípios (Acopiara, Cariús, Jucás, Catarina, Irapuan Pinheiro, Mombaça, Piquet Carneiro, Saboeiro, Quixelô e Iguatu). Já o Aderilo Alcântara afirma que recebe mensalmente R$ 400 mil do governo federal e a Prefeitura repassa para o hospital cerca de R$ 700 mil.

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