Crianças e adolescentes da comunidade Córrego José Gonçalves, que fica localizada na zona rural de Itapipoca (CE), são obrigadas a usarem diariamente caminhão pau-de-arara como transporte escolar. Após a paralisação das atividades da Escola Antônio Marcondes Montenegro, ocorrida em janeiro, cerca de 20 estudantes se submetem ao transporte em cima de paus-de-arara para se deslocarem até a Escola Vicente Antenor Ferreira Gomes Filho, na sede do distrito de Calangi.
Sem segurança, estudantes fazem o trajeto de 4km em cima de caminhões adaptados, com bancos afixados na carroceria. Eles se seguram uns aos outros nas curvas, subidas e descidas íngrimes para chegar à escola e na volta para casa.
Pai de quatro estudantes de idades entre 5 e 14 anos, Marcos Vinicios Rodrigues Chaves, diz que a família se sente angustiada ser obrigada a deixar as crianças a usarem o transporte por não ter outra alternativa para que elas continuem estudando. Ele enviou o relato pelo WhatsApp do UOL (11-97500-1925).
"O meu filho mais velho está morando na casa de uma prima nossa que mora na sede do distrito para não ter de usar o pau-de-arara para ir à escola. Ele ficou amedrontado depois que quase quebrou o pé ao cair do gradeado do caminhão voltando da escola para casa", contou Chaves.
Chaves também reclama que a direção da escola cobrou R$25 pelo uniforme dos alunos, que deveria ser distribuído gratuitamente por serem alunos da rede pública de ensino.
A Secretaria Municipal de Educação justificou que a Escola Antônio Marcondes Montenegro está com as atividades paralisadas por ter número insuficiente de alunos matriculados para manter a unidade funcionado. Porém, caso em 2016 aumente o número de matriculas, a escola poderá voltar a funcionar.
Sobre o transporte escolar feito com caminhões pau-de-arara, a secretaria explicou que existem comunidades em que os ônibus não conseguem chegar por causa das condições precárias das estradas. Para não deixar os estudantes a pé, a prefeitura terceiriza o transporte com caminhões ou caminhonetes para dar suporte aos ônibus.
A secretaria disse que desconhece sobre a venda de uniformes e vai investigar a denúncia de Chaves. Caso haja comprovação, tomará as providências cabíveis.
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