Um dos homens acusados de participar da chacina
ocorrida neste município, na última terça-feira (14), foi preso na manhã
de ontem. José Cleiton Rodrigues, mais conhecido como 'Keké', foi
localizado em Jijoca de Jericoacoara e encaminhado para Sobral. Ele
cumpria pena por roubo na Cadeia Pública de Jijoca até 15 dias atrás,
quando foi solto. Segundo a Polícia, de dentro da unidade prisional ele
planejou como executaria as pessoas supostamente envolvidas na morte de
um irmão dele.
'Keké' confessou ter planejado e orientado outros três comparsas nas
execuções. A Polícia conseguiu apreender também uma motocicleta usada na
ação criminosa, mas ainda não localizou o veículo usado pelo bando. Uma
sacola contendo balaclavas (máscaras) também foi apreendida pelos
investigadores em poder do suspeito do crime.
De acordo com o coronel Júlio Rocha Aquino, que está à frente do
Comando de Policiamento do Interior (CPI) Norte, pelo menos mais três
pessoas teriam participado diretamente do crime. "Há três outros homens
para serem presos e duas mulheres em investigação", disse o oficial.
Prisão
José Cleiton foi capturado em um bar, após um cerco policial feito por
equipes do 11º Batalhão, agentes do Serviço de Inteligência da Polícia
Militar, Coordenadoria de Inteligência (Coin), e do Batalhão de Polícia
de Choque (BPChoque).
Segundo o tenente-coronel Ricardo Moura, comandante do 11º BPM, e que
esteve à frente da prisão de 'Keké', o acusado confessou que a motivação
dos crimes foi vingança, pois Patrícia teria mandado matar o irmão
dele, identificado apenas como Roger. Conforme o oficial, José Cleiton
disse ter descoberto onde Patrícia e a família estavam morando e chamou
quatro comparsas para matar a mulher.
O comandante do 11º BPM disse ainda que 'Keké' teria dito com detalhes
como ele e os comparsas agiram na noite de terça-feira (14). Conforme o
relato, o grupo chegou na casa, no Distrito de Aprazível, em Sobral, em
um carro e em uma moto. Depois de render e dominar as pessoas que
estavam na residência, passou a perguntar o nome das pessoas que teriam
matado o irmão de 'Keké'.
José Cleiton contou aos policiais ter perguntado várias vezes a
Patrícia e à mãe dela sobre os nomes dos matadores do irmão, mas elas
não responderam. "Ele disse que insistiu, mas como ninguém quis falar e,
segundo ele, todo mundo que estava ali era traficante, executou todos
com tiros na cabeça", contou o oficial.
Ao ser questionado acerca do motivo de ter matado a adolescente de 15
anos, filha de Patrícia, 'Keké' teria dito que ela foi morta por ter
testemunhado o crime. Após as execuções das quatro pessoas na casa, os
acusados colocaram as duas mulheres no carro e saíram do local.
Ele revelou que acompanhou Patrícia Farias e a mãe dela Maria de Jesus,
no banco de trás do veículo usado no crime, até a CE-241, já no sopé da
Serra do município de Alcântaras, distante 21Km da casa onde o grupo
executou a filha de Patrícia de 15 anos e outro três homens.
Eles pararam em um matagal e teriam perguntado novamente o nome dos
homens que teriam matado o irmão de 'Keké', mas como as duas não
falaram, acabaram mortas.
Outras três pessoas já foram identificadas e a Polícia acredita que
elas devam ser capturadas nas próximas horas. Os nomes dos outros
envolvidos no crime não foram divulgados. Duas testemunhas também já
foram ouvidas pelo delegado de Sobral Júnior Vieira.
Criança
Patrícia morava com o atual marido e um casal de filhos no bairro Padre
Palhano, em Sobral, mas costumava visitar a mãe no Distrito de
Aprazível, pelo menos três vezes por semana. O filho caçula, de nove
anos, seria a sétima vítima da chacina. Ele escapou porque estava num
culto evangélico no momento em que a casa foi invadida.
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