O sinal vermelho está dado e, se para alguns, era apenas dúvida, agora é risco puro. É, assim, que pode ser avaliado o comportamento do PMDB na relação com o PT e o Governo Federal nesses primeiros dois meses de 2015. O quadro passa a ser de preocupação após a revelação, nessa terça-feira (24/02), do Vice-presidente da República, Michel Temer, que manifestou preocupação com a perda do próprio controle sobre os liderados.
O recado de insatisfação está espalhado em todos os cantos de Brasília e se espalham, também, pelos Estados. No Ceará, um dos mais insatisfeitos com o Governo Dilma é o senador Eunício Oliveira. Líder da bancada do PMDB no Senado, Eunício não tem motivos para sorrir, nem estar sempre de braços abertos para acolher as demandas do Palácio do Planalto.
Um rápido histórico expõe as razões para a insatisfação: desde o dia 30 de agosto do ano passado, Eunício luta para o Ministério da Justiça intervir para a Fazenda Santa Mônica, em Goiás, de propriedade do peemedebista, de ser desocupada. A Fazenda foi invadida pelo MST. A ocupação já dura seis meses e, até o momento, nenhuma sinalização de que a área será desocupada.
O assunto chegou, nessa terça-feira, ao Plenário da Assembleia Legislativa em meio a debates sobre a manifestação realizada pelos trabalhadores rurais em Fortaleza que cobram pressa do Governo do Estado para agilizar obras e serviços nos municípios mais atingidos pela estiagem. Em meio ao debate, o deputado estadual Daniel Oliveira, sobrinho de Eunício, defendeu a reforma agrária e lamentou que o MST, em uma ação política com laços no Ceará, tenha invadida uma fazenda produtiva, como é o caso da Fazenda Santa Mônica.
Outro aspecto que, também, contribui para a insatisfação de Eunício com o Governo Federal foi o prestígio dado pela presidente Dilma Rousseff ao chamar o maior desafeto do pemeedebista, o ex-governador Cid Gomes, para o Ministério da Educação. A exemplo de Eunício, outros peemedebistas estão, também, insatisfeitos e renovam o recado: ou o Governo inclui o PMDB em suas decisões estratégicas ou a rebelião será inevitável.
Retrata dessa insatisfação, o vice-presidente da República, Michel Temer, alertou a presidente Dilma Rousseff que ou o governo inclui o PMDB em suas decisões estratégicas ou não terá como manter a legenda na base aliada. Segundo reportagem do Jornal Folha de São Paulo, o recado foi dado em uma conversa telefônica nesta terça-feira (24), quando o vice afirmou que a sigla está no “limite da governabilidade”.
Temer explicou a Dilma que, se o partido continuar excluído do poder “mais um mês ou dois”, o Planalto corre o risco de perder o controle mínimo da pauta no Congresso – o PMDB preside as duas Casas do Parlamento.
Sem o apoio do partido, notabilizado por traições, ameaças e apetite por cargos, o governo dificilmente conseguiria viabilizar projetos de seu interesse ou obter grau mínimo de blindagem em CPIs como a da Petrobras. É a primeira vez que Temer traça um cenário tão negativo à petista.
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