Em jantar com senadores do PT, nesta quarta-feira (25/02), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a estratégia de comunicação do governo Dilma sobre o ajuste fiscal. Ao ouvir um rosário de queixas sobre as mudanças anunciadas na economia, Lula disse que o governo falha ao não explicar por que haverá alterações em benefícios previdenciários e trabalhistas e onde se quer chegar com o “sacrifício”.
“Esse ajuste precisa ter um objetivo. Ele não está sendo feito porque achamos que é bom, mas, sim, para apontar um horizonte. Falta dizer, então, por que essas medidas estão sendo tomadas. É para aumentar o emprego? Para adotar novas políticas sociais? Nós todos temos falhado um pouco ao não explicar que não se trata de um fim em si mesmo nem de uma coisa isolada”, afirmou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), após o jantar com Lula, realizado na casa do colega Jorge Viana (AC).
Durante três horas e meia, os petistas fizeram várias reclamações sobre o estilo centralizador da presidente Dilma Rousseff e a articulação política do Palácio do Planalto. Dos 12 senadores da bancada, só faltaram Marta Suplicy (SP), de malas prontas para deixar o PT, e Ângela Portela (RR), que está doente.
Quando a conversa chegou ao ajuste fiscal, os senadores disseram que a equipe econômica não conseguirá aprovar as restrições a benefícios como seguro desemprego, abono salarial e pensão por morte se não recuar e amenizar a proposta. Muitos deles afirmaram, ainda, que não estão dispostos a perder apoio nas bases sociais em nome de um ajuste ortodoxo nas contas públicas, que sempre combateram.
Lula concordou com as críticas, mas animou a platéia ao lembrar que ele pode ser o candidato à sucessão de Dilma, em 2018. Ao traçar um cenário sobre as conseqüências políticas da fragilidade econômica, ele disse que é necessário combater a inflação “sem trégua”, o mais rapidamente possível, para evitar que tudo desande.
“O que nós queremos que esteja acontecendo no dia 31 de dezembro de 2018?”, perguntou Lula, segundo relato do senador Humberto Costa. “Qual País nós queremos entregar ao sucessor de Dilma?”
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