Em um discurso para cerca de 300 líderes evangélicos, em São Paulo, a candidata à Presidência Marina Silva (PSB) defendeu ontem (26) o Estado laico, a bandeira da "diversidade" e afirmou que nunca, durante toda a sua trajetória de vida, misturou política e religião.
Já no início da sua fala, ela diferenciou o que chama de "político evangélico" do "evangélico político". Argumentou que o primeiro instrumentaliza a fé para influenciar as pessoas, enquanto o segundo sabe que não é correto fazer isso.
"Algumas pessoas têm a visão equivocada de que, pelo fato de eu ser evangélica, eu iria transformar os púlpitos das igrejas em palanques ou transformar os palanques em púlpitos", disse a candidata, que é ligada à Assembleia de Deus e costuma ministrar cultos na igreja que frequenta em Brasília.
Marina também afirmou que não vai adaptar o seu discurso para agradar a comunidade evangélica, mas ressaltou que não abre mão de professar a sua crença. "Devemos dizer entre quatro paredes aquilo que dizemos nos telhados. Quando eu digo, lá fora, que defendo a diversidade, eu a defendo também aqui dentro. Não tenho um discurso para cada ambiente, não tenho regra de conveniência e de circunstância", disse.
Apesar de a agenda não ter sido divulgada para a imprensa, o discurso de Marina pareceu moldado para afastar a desconfiança que existe em relação às suas posições religiosas. O desconforto aumentou depois de a candidata retirar do seu programa de governo trechos relativos à defesa dos direitos da comunidade gay. A versão oficial da campanha é de que houve um erro de edição, mas perante a opinião pública prevaleceu a ideia de que Marina recuou após ter sido pressionada por pastores, como Silas Malafaia.
Ontem (26) foi a primeira vez que a candidata se reuniu com lideranças evangélicas desde que assumiu a cabeça de chapa do PSB, após a morte de Eduardo Campos. O encontro, porém, vinha sendo cobrado por diferentes grupos religiosos.
Bíblia
Depois de citar diversos versículos bíblicos, Marina fez questão de ressaltar que usava esse recurso porque falava para um público que a entenderia, assim como adaptaria o discurso caso falasse para empresários. "É claro que eu estou usando termos bíblicos porque estou no meio de pessoas de fé, que compreendem o que eu estou falando e sabem fazer a associação com o contexto." A candidata completou: "Tudo o que eu falei aqui defende o Estado laico, não coloca a ciência em oposição à religião e não cai em contradição com o que eu venho dizendo".
Marina terminou a sua fala pedindo orações para enfrentar o resto da campanha. Disse também que saía de lá com a certeza de que estava recebendo o apoio das diversas denominações não por ser evangélica, mas por ter apresentado as melhores propostas para o País.
O tom usado pela maioria dos pastores que a saudaram, porém, foi outro. "Nós temos um projeto que vem de Deus e eu creio que ele está aqui. Peço para que o fogo da unidade possa aquecer nossos corações, e que esse fogo possa nos unir nesse projeto e que nós possamos ser realmente apostólicos para tomar essa Nação para ti Senhor", disse César Augusto, da Igreja Fonte da Vida. Já Renê Terra Nova, do Ministério Internacional da Renovação de Manaus, afirmou que considerava Marina "uma resposta de Deus para essa geração".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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