quinta-feira, 19 de julho de 2018

Representante da OAB repudia a morte de advogados


“No ano passado, perdemos 5.200 Franciscos, Pedros e Marias. Neste ano, já são mais de 2.750 assassinatos no Ceará. A verdade, é que estamos perdendo a guerra para a criminalidade, essa é que é a grande verdade.”

A declaração é do advogado e representante da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Ceará, Fábio Timbó, em entrevista exclusiva, na manhã desta quarta-feira (18) ao programa “Ceará News”, na rede Plus de Rádio FM, quando foi entrevista sobre os recentes assassinatos de dois advogados na cidade de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).


“A Polícia Judiciária do estado, que é a Polícia Civil, precisa voltar a desempenhar o seu papel investigativo. Ainda hoje temos dezenas de presos em delegacias e os policiais civis em desvio de função, guarnecendo presos em delegacias. Lamentavelmente, a advocacia criminal do estado do Ceará está mais uma vez de luto. Não agüentamos mais essa insegurança que persiste nos fóruns da Capital e de todo o estado”.

Em seguida, Timbó criticou a inércia das autoridades em relação ao quadro da extrema violência armada que se abateu sobre o Ceará. “O que o Palácio da Justiça (sede do tribunal de Justiça do Ceará) está fazendo? Cadê o secretário da Segurança Pública? Cadê o governador? Cadê a união entre o sistema de Justiça, de forma efetiva, com a participação da Imprensa, que tem um papel fundamento no combate à violência?”

Em seguida, o advogado fez críticas ao modelo de Segurança Pública posto em prática pelo atual governo do estado. “O governo está equivocado e nós estamos indo na contramão. Não é só a contratação de policiais militares nem a política de encarceramento que vão resolver a questão da violência no Ceará. Nós temos 70 por cento das pessoas que estão nos presídios, são pretos, pobres e analfabetos, e presos provisórios. Nessa política, o governo está ajudando na formação de um exército da criminalidade”.

E complementa: “O que precisamos é de um Poder Judiciário forte, efetivo e que tire da sociedade essa sensação de impunidade. A audácia do crime organizado no Ceará chegou a patamares nunca vistos na história brasileira e chegou ao ponto de nossos colegas advogados estarem tendo suas vidas ceifadas em virtude da função democrática que exercem na Justiça”.

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