A caixa-preta do jato Citation não registrou a conversa dos dois pilotos no voo que caiu em Santos e matou o presidenciável Eduardo Campos, disse ontem a Aeronáutica. Campos e outras seis pessoas -quatro assessores dele e os dois pilotos- morreram num acidente aéreo na última quarta-feira (13).
A Aeronáutica, responsável pela investigação, informou ainda não saber a razão pela qual isso aconteceu. Apesar do trabalho de desmontagem da caixa de áudio ter sido finalizado com sucesso e a memória recuperada na íntegra, a conversa gravada é de outra data, ainda não definida. “As duas horas de áudio, capacidade máxima de gravação do equipamento, obtidas e validadas pelos técnicos certificados, não correspondem ao voo realizado no dia 13 de agosto”, disse em nota o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Sem essa informação, uma parte essencial para a investigação, a conversa dos pilotos, não será recuperada. O jato Citation já não tinha outro elemento importante para reconstituir os últimos momentos da viagem entre Santos Dumont e a base aérea de Santos -o gravador de dados de voo. A Aeronáutica disse “que os dados obtidos no gravador de voz representam apenas um dos elementos levados em consideração durante o processo de investigação, não sendo imprescindíveis para a identificação dos possíveis fatores contribuintes”.
Irregular
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou ontem que a aeronave em que viajava o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, não poderia decolar sem o gravador de voz ativado.
Segundo a agência, embora não seja um item de segurança, o equipamento deve ser obrigatoriamente checado pelo comandante antes do início do taxiamento, conforme manual de operação do fabricante.
O manual também estabelece que o cockpit voice recorder (CVR) deve ser verificado a cada 150 horas de voo ou 24 meses, o que ocorrer primeiro. A Anac reiterou que o avião PR-AFA, modelo Cessna Aircraft 560XL, estava com a Inspeção Anual de Manutenção e o Certificado de Aeronavegabilidade válidos.
Polícia usa drones para ajudar buscas
Santos. A Polícia Federal vai utilizar drones (veículos aéreos não tripulados) para fazer a varredura na área onde caiu o avião em que viajava o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, em Santos (SP).
Os equipamentos utilizados pela PF vão coletar informações que serão utilizadas na investigação sobre as causas do acidente.
Os aparelhos chegaram de Brasília por volta das 8h de ontem. Desde esse horário, os equipamentos estão sendo utilizados em três frentes.
A primeira auxilia o Corpo de Bombeiros na busca por corpos, a segunda analisa os destroços da aeronave, e a terceira vai cuidar da varredura do local do acidente. Os drones sobrevoarão a área captando imagens em 3D. Elas poderão ser usadas para a elaboração de uma reconstituição do acidente.
Os dados obtidos ajudarão a definir, entre outras coisas, qual foi a trajetória do avião antes da queda e as causas do desastre.
Retomada
As buscas por restos mortais de Eduardo Campos e dos seis membros de sua comitiva, que morreram em um acidente aéreo na cidade de Santos, foram retomadas na manhã de ontem.
Peritos e bombeiros procuram também destroços da aeronave, no bairro do Boqueirão, provocando a interdição de 13 imóveis. Desse total, dois continuam bloqueados, pois precisam passar por reforma – uma academia e um prédio com quatro apartamentos, localizado em um conjunto habitacional.
Corpos foram pulverizados, diz dentista de Campos
Recife. O dentista que há 25 anos atendia o ex-governador Eduardo Campos e sua família voltou de São Paulo sem conseguir ajudar na identificação dos corpos das sete vítimas do acidente aéreo da última quarta-feira (13).
Fernando Cavalcanti passou apenas um dia em Santos (SP) porque não era possível identificar os corpos pelas arcadas dentárias. Segundo ele, os corpos foram pulverizados.
“Foi impossível identificar porque não tem arcada. Só o exame de DNA vai efetivamente fazer a comprovação de quem é quem pelo estrago em que estavam os restos mortais”, afirmou o dentista antes de entrar na casa do ex-governador para cumprimentar a viúva, Renata Campos. O estrago foi muito grande, disse Cavalcanti. “A explosão foi muito grande. Você não consegue determinar qual é Eduardo”, diz o dentista.
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