quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Deputado Vaidon Oliveira que obteve 594 votos em Forquilha e acusado de irregularidades pelo MPF-CE


A candidata Débora Ribeiro, que recebeu R$ 274 mil do fundo eleitoral pelo Pros para campanha sob suspeita de ser "de fachada", é cunhada do deputado federal Vaidon Oliveira (Pros). Segundo novos documentos obtidos pelo O POVO, a candidata reside há anos no mesmo endereço que Franscisco Tancredo de Oliveira, irmão do deputado, na Praia do Futuro.

Além dos documentos, a reportagem também teve acesso a diversas fotos do casal, que trabalha junto em um mercado da família na região. A revelação traz Vaidon para o centro da suspeita de que a candidatura de Débora, que obteve apenas 47 votos apesar do elevado investimento, teria sido lançada como "laranja" para ter acesso a recursos do fundo eleitoral.

O caso foi revelado em reportagem exclusiva do O POVO da última terça-feira, 12. No mesmo dia, o Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE) instaurou procedimento para apurar possíveis irregularidades. Além da própria relação familiar, uma irmã e servidores de Vaidon também receberam repasses de até R$ 5 mil da campanha de Débora Ribeiro.

Entre os gastos da candidata, quase 75% foram na contratação de cerca de 140 militantes - três vezes o número de votos que ela obteve. Além disso, não há registro da campanha de Débora, nem de seu número de urna (90.088) ou material de campanha nas redes sociais.

Desde terça-feira, O POVO tenta ouvir Vaidon sobre o caso, mas chamadas ao seu telefone celular não foram atendidas. Na última vez que falou com a reportagem, no dia anterior à publicação da primeira matéria, o deputado negou relação com Débora e estranhou o fato de a candidata ter apresentado e-mail deboravaidon90@hotmail.com à Justiça Eleitoral.

"Deve ser porque eu era do Pros, deve ser porque eu era presidente do Pros", disse. Segundo Vaidon, a candidatura de Débora teria sido articulada pelo ex-vereador Wellington Saboia (Pros), que tentou vaga na Câmara dos Deputados. "Como eu tinha interesse que o partido tivesse bastante voto, meu comitê funcionou bem dizer como um comitê do Pros".

Até agora, segue sem explicação o porquê de a Direção Nacional do Pros ter destinado R$ 274 mil de sua cota no fundo eleitoral para Débora Ribeiro. Mesmo sem experiência de urna ou liderança destacada, ela recebeu duas vezes mais que o candidato da sigla ao Senado, Luís Eduardo Girão, e mais que quatro vezes mais o que Soldado Noelio, deputado eleito.

Atualmente, o Pros é dirigido no Ceará pelo deputado federal Capitão Wagner e é um dos principais partidos de oposição a Camilo Santana (PT). Procurado pelo O POVO na última terça-feira, Wagner disse desconhecer a relação entre Vaidon e Débora e negou participação na alocação de recursos do partido. "Tudo isso vem pela Direção Nacional", diz o parlamentar.

A reportagem tentou ouvir a Direção Nacional do Pros sobre o caso, mas não obteve resposta. Wellington Saboia - que teria saído em dobradinha com Débora mesmo sem divulgar material dela -, também não atendeu ligações. (colaborou Igor Cavalcante)

FONTE:JORNAL O POVO

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