As declarações, dadas ao jornal Estadão, reforçam disputa sobre os rumos do PSDB entre grupo mais ligado a Tasso e outro, próximo do governador de São Paulo João Doria - o paulista é favorável a um diálogo maior entre o partido e o Governo Federal.
Questionado sobre o apoio que o Planalto deu a Davi Alcolumbre (DEM) na disputa pela presidência do Senado, Tasso respondeu que "a teia de compromissos que ele (Alcolumbre) firmou aqui dentro do Senado vai dar a independência que ele necessita e, com certeza, quer".
Alçado à presidência, Alcolumbre é aliado do ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorenzoni (DEM), cuja esposa era empregada no gabinete do senador.
Para Tasso, os votos que o PSDB deu a parlamentar do DEM não significam uma aliança com Bolsonaro. "Estamos bastante afastados de visões de extrema-direita que estão sendo externadas aí por alguns grupos", falou, referindo-se a setores do Planalto, como o Ministério das Relações Exteriores.
Sobre as chances de aprovação da reforma da Previdência na Casa, o tucano assegurou que, sozinho, Bolsonaro "não tem essa maioria no Senado".
Tasso acrescentou ainda que o "governo, inclusive, é muito heterogêneo, tem alas diferentes e visões diferentes". Para o congressista, no entanto, "nunca houve um momento tão propício dentro do Senado para fazer essas reformas". E completou: "Não podemos desperdiçar essa oportunidade".
O cearense ainda reforçou a necessidade de aprovação da reforma neste ano. "Tem de haver uma reforma da Previdência, de certa profundidade e imediata, isso é unânime dentro do partido aqui no Senado."
Perguntado sobre o primeiro mês do governo de Bolsonaro, o senador desconversou. "É muito cedo, temos um pouco mais de um mês com um presidente afastado por uma cirurgia, internado num hospital", disse.
Para ele, todavia, esse período deixou claro que "há uma falta de organização" no Planalto, a que ele atribui a ausência do presidente, internado após ter se submetido a uma cirurgia.
"Não dá para identificar para onde o governo vai, porque tem muito bate-cabeça entre as próprias lideranças que dão apoio ao governo. Há grupos diferentes dentro do governo: um grupo ligado a fulano, um grupo ligado a sicrano. Há impressão de que esses grupos não se entendem", avaliou.
Ainda de acordo com o senador, o PSDB tem o desafio de se renovar. "Tem de vir um nome ajustado a essa renovação. E que tenha liberdade, independência para liderar essa visão de futuro que o partido vai ter."
O tucano voltou a defender uma autocrítica da legenda, que apoiou o governo de Michel Temer (MDB). "O partido tem de rever, assumir os erros do passado e assumir o compromisso com a sociedade de não aceitar conviver com esses erros", opinou. (com agência)
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