Quando o pré-candidato do PSBD, Geraldo Alckmin, confirmou a integrantes de seu partido que telefonou para Michel Temer na semana passada e que iria se encontrar com o presidente nos próximos dias, duram críticas contra Alckmin começaram a surgir dentro do próprio PSDB, que classificam o movimento do tucano como equivocado.
Os correligionários de Alckmin acreditam que o candidato, já às voltas com dificuldades para se firmar na campanha, seja contaminado pela impopularidade radioativa de Temer. Sete em cada dez brasileiros desaprovam o presidente, segundo o Instituto Datafolha. As relações entre Alckmin e Temer viviam uma fase glacial havia mais de seis meses. O presidente não se conformava com o fato de a bancada federal do PSDB de São Paulo ter votado majoritariamente a favor das duas denúncias da Procuradoria da República contra ele, no ano passado.
Em contraposição, os apoiadores de Alckmin enxergavam o distanciamento em relação a Temer como um “ativo eleitoral”, algo a ser trombeteado na campanha. O plano ficará comprometido se a fase do degelo resultar num acordo formal do PSDB com o MDB. O aceno de Alckmin em direção a Temer foi precedido de uma visita de Fernando Henrique Cardoso à casa do presidente, em São Paulo, no feriado de 1º de Maio.
O grão-mestre do tucanato ouviu do anfitrião uma vigorosa defesa da unificação dos partidos ditos de centro em torno de uma única candidatura presidencial. Até então, Alckmin não cogitava atrair o MDB para sua coligação, à qual se juntaram apenas o PPS, o PSD e o PTB. Estimulado por FHC, o candidato tucano optou por abrir diálogo com Temer. Diz aos críticos que não há, por ora, vestígio de acerto.
Integrantes da ala do PSDB que faz a apologia da candidatura de Alckmin enxergam na mudança de estratégia um quê de desespero. Atribuem o ajuste ensaiado por Alckmin ao avanço de Marina Silva (Rede), Joaquim Barbosa (PSB) e Jair Bolsonaro (PSL) sobre o eleitorado de São Paulo. Estacionado abaixo dos dois dígitos nas pesquisas, Alckmin estaria apostando suas fichas na propaganda eleitoral no rádio e na TV. Uma aliança com o MDB aumentaria sua vitrine eletrônica.
Embora não desprezem a importância da propaganda, os aliados do candidato temem que o preço a pagar seja alto demais. Um deputado tucano disse: Vamos passar a campanha arrastando o governo Temer como uma bola de ferro. Um senador declarou: Já vi muito político acompanhar governante impopular até a beirada da cova. Mas ainda não tinha visto um candidato que se dispusesse a pular no buraco. O pedaço do tucanato que torce o nariz atribui o interesse de Temer à sua precariedade penal.
Nessa versão, o presidente estaria empenhado em unificar o centro apenas porque sua candidatura à reeleição derreteu e ele precisa de aliados no poder capazes de suavizar seu encontro com a Justiça, a partir de 1º de janeiro de 2019. Imagina-se que Temer e seu séquito de auxiliares encrencados estejam sofrendo uma recidiva da alucinação que leva poderosos impotentes a imaginar que ainda é possível estancar, de cima para baixo, a sangria da Lava Jato. Até aqui, todo mundo que fez essa aposta perdeu.
Com informações do Uol Notícias
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