O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse nesta terça (26), em Washington, que a vacina para a zika só deve estar disponível para a população no fim de 2019. O tema foi tratado durante o encontro que o ministro brasileiro teve com o secretário de Saúde dos EUA, Tom Price, na segunda, na capital americana.
Barros disse ter pedido a Price ajuda para “agilizar o processo de produção”, que será feito em parceria com a empresa americana GE Healthcare. “Penso que em dois anos podemos ter um resultado positivo, mas evidentemente depende da evolução dos testes clínicos fase três [referente a testes em humanos]”, disse o ministro.
“Acredito que não teremos antes disso os resultados e a segurança necessária para que a vacina esteja no mercado e tenha capacidade e escala de produção.” A vacina já passou pela fase de testes em macacos e camundongos e em breve será chamada “fase três”, de testes em humanos.
Antes disso, no entanto, a Fiocruz contratará a GE Healthcare para a produção da vacina. Segundo o ministro, foi inaugurada recentemente uma fábrica de biológicos na sede da Fiocruz, no Brasil, capaz de desenvolver o banco de células master –necessário para a produção da vacina–, mas esse banco não poderia ser desenvolvido imediatamente.
“Para adiantar o processo de desenvolvimento, será contratado este desenvolvimento do banco de células master aqui nos EUA e isso permitirá ganhar tempo no desenvolvimento da vacina”, disse. De acordo com Barros, os americanos tinham pedido um ano de prazo para a produção da vacina a ser testada em humanos no Brasil e nos EUA. “Nós estamos pedindo para diminuir esse prazo para iniciar os testes.”
Questionado sobre o custo para a produção da vacina em parceria com a empresa americana, o ministro disse que “os valores são muito modestos” e que não há uma previsão orçamentária ainda porque o contrato não foi concluído. “O desenvolvimento feito pelo Instituto Evandro Chagas teve custo muito baixo para o Brasil, mas temos parceiros e vamos continuar investindo para que a gente consiga terminar a vacina”, afirmou.
Segundo o ministro, os testes em animais permitiram identificar possíveis sequelas da vacina que não tinham sido mapeados antes, como esterilidade. Também com Price, Barros discutiu um intercâmbio nas áreas científica e técnica sobre bancos de tecidos nos dois países.
“Há um interesse em fazer intercâmbio para que possamos ampliar a possibilidade de obter esses tecidos para recuperação de pessoas, em especial acidentados de trânsito”, disse.
MAIS MÉDICOS
Barros também discutiu sobre o futuro do programa Mais Médicos com o ministro da Saúde de Cuba, Roberto Morales Ojeda, à margens do encontro de ministros da região na sede da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) em Washington.
Em outubro, os dois governos e a Opas vão definir o número de médicos cubanos que seguirá atuando no Brasil. Segundo ele, o governo tem a meta de diminuir dos cerca de 8.000 atuais para 7.400 até 2019. No início, havia 11.400 médicos cubanos. Hoje, no total –considerando os médicos brasileiros–, há 18 mil profissionais no programa.
O ministro afirmou ainda que Cuba estava preocupado com os cerca de 150 processos movidos por médicos cubanos no Brasil para permanecer no país ao fim do ciclo individual de três anos e para receber diretamente o salário pago pelo governo brasileiro.
“Alguns receberam decisões de primeira instância, das quais recorremos, e temos conseguido sustentar as regras do acordo do convênio que são fundamentais para podermos manter esses profissionais”, disse o ministro.
Barros também se encontrou com a ministra do Equador, Verónica Espinosa, com quem discutiu a questão de rotulagem de alimentos. A Anvisa realizará ainda neste ano uma audiência pública para dar início ao processo de exigir, nos rótulos, informações visíveis sobre as quantidades de sal, açúcar e gorduras trans dos alimentos.
Fonte: Folhapress