Quatro meses após a Justiça
determinar o afastamento do prefeito municipal e todos os secretários, a
Prefeitura Municipal de Madalena está envolvida em nova denúncia de
desvio de recursos públicos. Segundo o servidor público e ex-secretário
de Finanças Marcondes Silva Lima, o Departamento de Recursos Humanos
(DRH) da Prefeitura seria "uma quadrilha de empréstimos consignados",
junto à agência da Caixa Econômica Federal (CEF) de Boa Viagem, cidade
vizinha.
A denúncia protocolada no Ministério Público no final de
março, aponta que os empréstimos, contraídos em nome de servidores,
não foram consignados em suas respectivas folhas de pagamento, recaindo o
ônus sobre o Tesouro Municipal.
Os documentos encaminhados ao
MP mostram que o diretor do DRH da Prefeitura, José Nilber Carneiro de
Sousa, a chefe do DRH, Ana Carla Sousa Rocha, esposa do vereador e atual
presidente da Câmara Municipal, Paulo César Rocha Carneiro e o servidor
Francisco Torres Carneiro, como mentores do esquema. "Francisco Torres
Carneiro era quem alimentava o sistema da Folha de Pagamento juntamente
com José Nilber", ressaltou.
Na apuração da suposta fraude,
Marcondes Lima ainda disse ter encontrado os nomes do prefeito em
exercício, Antonio Eurivando Rodrigues Vieira e de Francisca Aurilene
Malaquias Silva, onde ela assumia o cargo comissionado de secretária
executiva, lotada na Secretaria de Governo do Município. Ela é esposa do
vereador Francisco Erivaldo Paulino de Oliveira. Apesar de estar
desligada da folha de pagamento da Prefeitura, o pagamento de algumas
parcelas do seu empréstimo consignado continuavam sendo descontados dos
cofres do Município.
Na denúncia formalizada à promotora de
Justiça Alessandra Gomes Loreto, Marcondes Lima esclareceu que os
servidores contraíram os empréstimos junto à instituição financeira e
com a cobertura do DRH não eram consignados para desconto nos salários.
"O mais grave ainda era que o diretor geral de Recursos Humanos, total
responsável pelas informações das folhas de pagamento, omitia no
relatório dos não consignáveis que enviava para a Secretaria de
Administração e Finanças, onde não constava os nomes citados, inclusive o
dele próprio, fazendo assim, mediante informações omissas, que a
Prefeitura pagasse os extratos dos empréstimos".
O OUTRO LADO
O
atual diretor do DRH da Prefeitura de Madalena, José Nilber, contesta
as acusações de Marcondes Lima. Em sua defesa, justificou que todos os
servidores, inclusive ele, os quais tiveram seus nomes retirados da
lista de consignados, para não serem descontadas de seus vencimentos as
parcelas dos empréstimos contraídos junto à CEF, assumiram termo de
responsabilidade perante a Administração Municipal e ao credor, cabendo a
eles saldarem suas dívidas. Todavia, ele disse não saber informar se a
Prefeitura é quem está pagando as parcelas junto ao Banco.
Entretanto,
José Nilber ressaltou que, quando esteve à frente da Secretaria de
Finanças de Madalena, o próprio denunciante havia autorizado transações
dessa natureza. Se havia alguma irregularidade, o ex-secretário de
Finanças sabia, mas não adotou nenhuma medida. A respeito de outros
detalhes da denuncia, o diretor do DRH só pretende se manifestar diante
da Justiça. Ele acrescentou prestar serviços à Prefeitura de Madalena
desde a fundação do Município, em 1989, ficando ausente somente durante a
gestão de um prefeito.
O gestor municipal em exercício, Antonio
Eurivando Vieira, atribui a denuncia de Marcondes Lima levada ao
Ministério Público a uma manobra para prejudicar sua administração. "O
responsável por toda essa situação, se existir alguma irregularidade, é o
próprio denunciante. À frente da Secretaria de Finanças foi ele quem
autorizou todas as transações as quais aponta como criminosas. Como
descobrimos a trama, ele foi exonerado da função e, em janeiro,
denunciamos o caso ao Ministério Público para as respectivas
investigações", afirmou.
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