O impacto financeiro de toda a água tratada que se perde antes mesmo de
chegar ao consumidor cearense chega a R$ 12,5 milhões por mês. Com este
valor, seria possível construir pelo menos 415 poços a cada 30 dias,
tomando como base o valor médio de R$ 30 mil pago pelo Governo do
Estado. Essa quantia corresponde à perda operacional da Companhia de
Água e Esgoto do Ceará (Cagece) que alcança 25,5% do que deveria chegar
às torneiras da população.
Conforme o Diário do Nordeste já mostrou, o volume perdido por mês, 250
milhões de litros, seria suficiente para encher 25 piscinas olímpicas.
Proporcionalmente, em Fortaleza o descarte é ainda maior. Dados da
companhia, medidos pelo Índice de Água Não Faturada (Ianf), indicam que
nos anos de 2012, 2013 e 2014 a média foi de 33%. Em termos financeiros,
o percentual equivale a uma média de R$ 9,2 milhões por mês.
Além da Capital, parte de Caucaia, Maracanaú e Eusébio são abastecidos
pelo sistema Gavião, que corresponde a cerca de 67% do volume total
produzido pela Cagece.
Ideal
Apesar de alta, a taxa está entre as mais baixas do País. "Nós somos o
terceiro estado com menor perda do País e a menor do Nordeste", ressalta
o diretor de operações da Cagece, Josineto Araújo. "A média no Brasil é
de 39,07%. Mas o ideal são números menores que 20%, por volta de 17%",
explicou. O despejo irregular, fraudes e submedição são as principais
causas da situação atual. Segundo ele, "temos as perdas reais, que são
os vazamentos, e as aparentes, que vêm da falta de hidrômetro, erros de
medição, ligações clandestinas e roubo de água", afirmou.
Araújo garante que a fiscalização acontece efetivamente, mas há
situações difíceis de resolver, como áreas ocupadas por famílias
carentes. "Lá nem sempre se pode colocar uma rede de abastecimento por
ser irregular. Só que a população utiliza a água, e ela não é faturada",
disse. "Chega um momento em que o que se gasta prevenindo perdas pode
ser maior que o que é faturado", resume. A Cagece estima que as ligações
clandestinas são responsáveis por 50% do índice de perda e desviam
aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos perdidos por ano.
O engenheiro civil e sanitarista Francisco Vieira Paiva, diretor da
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) no
Ceará, confirma que a situação do Estado é melhor em comparação com o
restante do País. Entretanto, a quantidade de água perdida ainda é alta.
"Se nós considerarmos em nível de Brasil, estamos muito bem. Mas em
termos mundiais é um absurdo", disse. De acordo com ele, em locais onde
há uma preocupação maior com as perdas, como os países desenvolvidos, o
índice fica em torno de 5%.
Com relação ao que é desperdiçado após o faturamento, ou seja, depois
que a água chega à casa do consumidor, a Cagece diz não ser possível
mensurar, já que a responsabilidade pelo uso adequado é do cliente.
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