A aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJC)
de proposta que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos pode levar à
retomada do debate realizado no Senado no ano passado. Diferentemente
da Câmara, que decidiu pela admissibilidade da proposta (PEC 171/1993),
no Senado a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) rejeitou
mudanças nesse limite.
Para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), autor da PEC examinada
pelo Senado (PEC 33/2012), o debate provocado pela votação na Câmara
pode favorecer sua proposta, que não reduz a maioridade de modo geral,
mas possibilita que jovens de 16 a 18 anos sejam processados como
adultos.
Apesar de ter sido rejeitada na CCJ, a PEC 33 ainda pode ser aprovada,
já que Aloysio e outros senadores apresentaram recurso para a sua
votação em Plenário. Agora a proposta depende de inclusão na ordem do
dia.
"Isso pode favorecer o debate. Com o ímpeto que a proposta da Câmara
pode ganhar, é possível que se tente buscar um 'caminho do meio', que é a
minha proposta", avalia Aloysio, que diz aguardar o posicionamento do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a respeito do assunto.
Propostas diferentes
Embora ambas tratem da possibilidade de punir menores de 18 anos nos
termos da lei penal, as propostas em exame na Câmara e no Senado são
diferentes. A PEC 171, do ex-deputado federal Benedito Domingos, altera o
art. 228 da Constituição para determinar que "são penalmente
inimputáveis os menores de 16 anos". Ou seja, a princípio, todo jovem a
partir dos 16 ficaria sujeito à legislação penal, e não mais ao Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA).
Já a PEC 33, de Aloysio, permite a aplicação da lei penal a jovens de
16 a 18 anos em situações específicas, criando uma hipótese chamada de
"incidente de desconsideração de inimputabilidade". O incidente só
poderia ser proposto pelo Ministério Público em caso de crimes hediondos
ou reincidência múltipla em lesão corporal grave e roubo qualificado. A
aceitação ou não da desconsideração caberia a juiz especializado em
infância e adolescência e dependeria de laudo técnico atestando a
capacidade do menor de compreender o caráter criminoso da conduta.
Rejeição no Senado
Na CCJ do Senado, a PEC 33 foi rejeitada por 11 a 8, após intenso
debate. Senadores contrários à mudança lembraram que pessoas, a partir
de 12 anos, estão sujeitas a punições previstas no ECA, que incluem a
internação por até três anos. Também apontaram subjetividade nos
critérios a serem adotados pelo Ministério Público e pelo Judiciário
para permitir ou não a aplicação da lei penal.
Para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) a redução é
inconstitucional. Senadores favoráveis à mudança, como o relator Ricardo
Ferraço (PMDB-ES), dizem que o tratamento diferente para menores
infratores "não funciona" e deixa a sociedade indefesa diante da
violência.

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