A prisão do deputado cassado Eduardo Cunha e a possibilidade de um acordo de delação premiada do ex-presidente da Câmara pode mudar novamente os rumos da política nacional. Uma longa reportagem da revista Época dessa semana, com o título "A Chapa de R$ 40 milhões", detalha como Eduardo Cunha pretende revelar o preço do PMDB do presidente Michel Temer para apoiar Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
Assinada pelos jornalistas Bruno Boghossian, Talite Fernandes e Diego Escosteguy, a matéria revela o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), homem de confiança de Dilma, e o senador Valdir Raupp (PMDB) fecharam no primeiro semestre de 2014 o acordo secreto pelo qual o PT garantiria os R$ 40 milhões ao PMDB em troca de apoio do partido à reeleição de Dilma.
Eduardo Cunha tem informações que podem ser determinantes para o desenrolar da investigação que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conduz sobre as contas da chapa que elegeu Dilma como presidente e Michel Temer como vice. Se os ministro sdo TSE avançarem no processo, Temer pode, no limite, ser cassado - e perder a Presidência, forçando uma eleição direta.
EDUARDO CUNHA SE QUEIXOU DE EUNÍCIO OLIVEIRA
A reportagem da Época revela que o fluoxo de dinheiro era um assunto tão sério dentro do PMDB - e para Cunha, em particular - que Temer chegou a intervir mais de uma vez no cotidiano financeiro da sigla para solucionar disputas internas, o que acabou danto poder ao então deputado.
Durante a campanha, Cunha chegou a se queixar que o tesoureiro da legenda, o senador Eunício Oliveira, um de seus adversários internos, estava atrasando repasses das doações que ele negociara com empresas e que deveriam abastecer as candidaturas de seus aliados.
Por conta disso, Michel Temer ajudou a resolver o problema: quando parte dessas doações chegava ao cofre do PMDB, o vice-presidente pedia ao tesoureiro que repassasse o dinheiro para a conta de sua campanha à reeleição, o que Eunício não poderia recusar; Temer, então, fazia com que a doação chegasse ao destinatário apontado por Cunha.
Mesmo negando que os recursos tenham origem ilegal, os auxiliares de Temer receiam que as digitais do presidente nesse vaivém financeiro deem crédito a possíveis suspeitas de que ele tenha sujado as mãos nos esquemas de Cunha e do Petrolão, revela a Época.
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