terça-feira, 22 de julho de 2014

Aberta temporada de promessas eleitorais

Ano eleitoral é sempre a mesma coisa, independentemente de cidade ou estado. Centenas de candidatos invadem as ruas e fazem de tudo, ou quase tudo, para ganhar os votos dos eleitores. “Prometer” é a regra de boa parte dos discursos apresentados pelos candidatos, mas como avaliar quais promessas são viáveis à execução e quais são apenas uma tentativa de encantar o eleitor? A tática é antiga, mas tende a funcionar pouco, este ano, com o cenário diferenciado em relação à reação do eleitorado, uma vez que parte da população não esconde a indignação e invadiu as ruas, no ano passado, para cobrar mais ações e menos discursos dos representantes do Poder Público.

De acordo com a cientista política e professora universitária, Carla Michele, a população está cansada de promessas, mas, apesar disso, está acomodada para acompanhar as propostas que sempre estão na boca dos candidatos em todo ano de eleição. “É possível mensurar o que pode ser executado. O problema é que o cidadão é acomodado”, pontua a professora, que defende o reposicionamento da população em relação à política. Segundo ressaltou, o orçamento é um dado público e, portanto, de fácil consulta. Diante de tal fato, é possível mensurar o que é investido e, consequentemente, observar o que é ou não de viável execução. Além disso, é possível analisar a viabilidade das promessas saírem do papel.

Segundo Carla Michele, há uma ansiedade por parte dos eleitores de mudança na política, entretanto, é preciso dar passos além da urna. “No período eleitoral, acompanhamos os debates, mas depois não fiscalizamos. Às vezes, achamos que comparecer as urnas é apenas suficiente, mas, ali, é o primeiro passo”, analisa.

O cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Uriban Xavier, defende a tese que o candidato é pautado pelo eleitor. “Hoje, as promessas são orientadas pelas pesquisas, assim como a maneira de executar tais projetos, inclusive mostrando de onde virá o dinheiro”. Para ele, fica difícil saber o que pode ou não, tendo em vista que a campanha eleitoral é um jogo. Todavia, chama atenção do eleitor os discursos diferenciados e que apontem como essas mudanças serão feitas. “As propostas são maquiagem. Ou melhor, apenas uma peça publicitária”, disse.

O especialista enxerga que o cansaço provocado pelos discursos vagos sem muitos projetos levam ao ápice da revolta da população e faz com que o grito seja a oportunidade de mostrar quem manda verdadeiramente. Xavier avalia como positiva as manifestações que aconteceram ano passado e aponta os movimentos, como os críticos radicais, em favor de uma eleição mais séria. Para ele, essas manifestações só atestam que a população está mais atenta aos seus direitos e desacreditada no discurso morno pregado pela política no Brasil há anos.

SAIBA MAIS

• Cada candidato já tem um discurso acertado que compromete seus adversários e causa provocação abrindo para um cenário de enfrentamento e críticas duras. Esse ano, a problemática da segurança pública que enfrenta o Ceará é um dos temas prioritários no debate. No entanto, saúde e educação são temas considerados essenciais pelos postulantes, inclusive em seus planos de governo protocolados junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Ceará.

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