quarta-feira, 11 de junho de 2014

Garotas tinham que fazer até 12 horas de programas

Não bastasse terem que dar uma comissão dos programas sexuais para a casa, tinham que se submeter a cargas horárias determinadas pelos proprietários. Precisavam estar à disposição em horários os mais diferenciados, de acordo com a disponibilidade dos clientes, entre os quais empresários e políticos. Essa é apenas uma das nuances envolvendo a exploração sexual de mulheres em oito casas de prostituição de Fortaleza, conforme investigações do Ministério Público.
Garotas de programa ouvidas na investigação admitiram exercer a atividade em todos os prostíbulos investigados. Embora os donos e gerentes de estabelecimentos presos, ouvidos desde segunda-feira, neguem tal atividade alegando em seus depoimentos à Polícia que ali funcionariam apenas bares e 'potenciais encontros'.
Carga de até 12 horas diárias de trabalho causava desistência e migração para outros prostíbulos, que oferecessem melhores condições de trabalho. "Encontramos a resistência de algumas em admitir que dividiam o dinheiro porque não querem os proprietários presos e o próprio trabalho prejudicado, mas a maioria falou abertamente, inclusive, que precisavam pagar mesmo se o programa sexual fosse realizado fora, mas que tenha partido do intermédio da casa", explicou o promotor Marcos Willian Leite de Oliveira, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O pagamento médio mensal de cada prostituta aos estabelecimentos era de R$ 300, segundo a investigação.
Depoimentos
Hoje serão colhidos os últimos dois depoimentos dentre os nove presos por suspeita de envolvimento em exploração sexual em oito prostíbulos da Capital. Serão ouvidas Francisca Herbênia Silveira Rodrigues, proprietária de um prostíbulo situado no Centro da Capital, e Vilaneuma Dantas de Moura, de estabelecimento no bairro Aldeota.
No dia 4 de junho foi deflagrada uma operação que gerou nove prisões, além de apreensões em oito estabelecimentos de prostituição em Fortaleza. A ação foi executada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Polícia Civil e Coordenadoria de Inteligência (Coin). Entre os detidos está Eline Marques, ex-coordenadora do Escritório de Combate ao Tráfico de Seres Humanos (ETSH).

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