quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Açudes atingem nível mais crítico em cinco anos

 A seca que assola o Nordeste nos últimos quatro anos e que é a maior das últimas seis décadas, de acordo com avaliação do Ministério da Integração Nacional, fez com que, pela primeira vez, nos últimos cinco anos, o volume dos açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) ficasse abaixo de 20%. Pelo menos seis dos 149 reservatórios observados pela entidade secaram completamente. Dezenas estão prestes a ter o mesmo destino.
Conforme o Portal Hidrológico do Ceará, dos 149 açudes monitorados, 127 apresentam níveis abaixo de 30%. Acima de 90%, somente o Gavião, em Pacatuba, que abastece a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Vale salientar que isso ocorre por causa da transposição de água realizada por meio do Canal do trabalhador.
Secaram
Já os açudes Forquilha II, em Tauá; Desterro e São Domingos, em Caridade; Jerimum, em Irauçuba; São José II, em Ipaporanga, e Sucesso, em Tamboril, estão completamente secos. Dezenas de outros apresentam volume de água insignificante do ponto de vista percentual e devem secar a qualquer momento, sobretudo se os prognósticos de chuvas abaixo da média da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) se confirmarem.
Desde 1993, há quase 21 anos, data da sua fundação, a Cogerh realiza o monitoramento dos açudes do Ceará. Hoje, são 174 reservatórios observados. Entretanto, esse número veio aumentando gradativamente. Daí não ser possível mensurar de forma precisa se, durante todo esse tempo, o nível de armazenamento d'água no Estado no período foi tão crítico.
Redução
Na sua coluna de ontem, o jornalista Egídio Serpa garantiu que a Cogerh reduzirá em 15% o volume de água que fornece à Cagece para a Região Metropolitana de Fortaleza. De acordo ainda com o jornalista, a vazão que os açudes Castanhão e Banabuiú liberam para irrigação terá redução de 30%. Outra informação da coluna dá conta de que a dessalinização da água do mar é quase certa "tendo em vista a necessidade da usina siderúrgica do Pecém . O Governo do Estado tem como alternativa em exame uma empresa espanhola e outra de Israel".
Reunião
Com o agravamento da crise hídrica que atinge principalmente as regiões Nordeste e Sudeste do País, já há uma mobilização da sociedade organizada e do poder público para minimizar os efeitos da estiagem.
Um exemplo disso é que, no último dia 26 de janeiro, os usuários do Vale do Angicos, bem como à sua montante, localizados nos municípios de Frecheirinha, Uruoca, Coreaú, Moraújo e Senador Sá, reuniram-se no Auditório da Escola Maria Menezes Cristino, no distrito do Araquém, em Coreaú para discutir a situação emergencial das águas do Vale do açude Angicos. O açude está utilizando seu volume morto (4,43%). A Cogerh indicou a limpeza do trecho do rio, a retirada de cercas e ficou acertado com os usuários presentes a retirada de motores usados para fins de irrigação, a fim de que se consiga atender ao abastecimento humano, uso prioritário, que já vem apresentado deficiência.
Participaram da reunião representantes da Comissão Gestora do Açude Angicos, das sedes locais e regionais, da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), da Prefeitura de Coreaú, da Cogerh/Sobral, o gerente das Bacias do Acaraú e Coreaú, Vicente Lopes, e o coordenador do Núcleo de Gestão, Bartolomeu Almeida, além da técnica Kamylle Prado.
Plano
Sobre a situação dos açudes, a assessoria de imprensa da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) explicou que os técnicos do Governo estão reunidos a fim de fechar o plano de convivência com a seca para apresentá-lo ao governador Camilo Santana possivelmente nesta sexta-feira e que 176 municípios se encontram em estado de emergência.

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