sábado, 31 de janeiro de 2015

Izolda defende diálogo e integração de políticas

A vice-governadora Izolda Cela, em entrevista ao Diário do Nordeste, informou que, durante o primeiro mês de mandato, além de ter acompanhado algumas reuniões do governador Camilo Santana, movimentou-se a fim de articular a formatação do programa "Abraça Ceará", proposta ainda a ser desenhada pela atual gestão. Educadora, Izolda entende que a Educação, aliada a outros mecanismos, como Assistência Social e Saúde, com o passar dos anos, deve minorar os índices de violência do Estado.
No entanto, Izolda Cela garante que a atual administração não "vai fazer milagres", mas enfrentará o problema, defendendo, para assegurar avanços na Segurança Pública, estabelecer maior diálogo com todos os setores da área que se encontravam em conflito com a gestão passada. A vice-governadora preferiu não entrar em detalhes sobre o funcionamento do programa Abraça Ceará e afirmou que Camilo Santana vai comunicar, em breve, como será efetivado o projeto, que foi uma das promessas da última campanha eleitoral.
"A ideia do governador é, nessas primeiras áreas de ação, envolver algumas das maiores cidades do Interior do Estado. Ele vai ter um momento de comunicar isso, quando divulgar o eixo Ceará Pacífico. A organização desse trabalho teve parâmetro nos sete Cearás: Ceará Pacífico, Saudável, do Conhecimento, Sustentável, de Oportunidades, Acolhedor e Democrático", destacou.
Segundo Izolda Cela, para minimizar os problemas da violência, além dos investimentos necessários em Educação, como expansão das escolas em tempo integral, é importante garantir a participação da população por meio de instituições e movimentos sociais. Para ela, haverá uma maior articulação e participação das pessoas com o fortalecimento de políticas públicas em bairros e áreas mais sensíveis de Fortaleza, assim como em municípios do Interior.
Limites
"A Educação tem papel importante nisso. A escola é uma âncora muito valiosa, sempre com aquele cuidado. Não é que a escola seja a salvação no mundo, não é bem assim. Porque a gente sabe dos limites e do potencial que a escola tem. Uma das coisas que eu e o secretário Maurício (da Educação) temos muitíssimo claro é que a escola pode exercer com mais força ainda o seu papel social de influenciar mais fortemente a comunidade onde ela está", declara.
Outro desafio, acrescenta a vice-governadora do Estado, é expandir o tempo integral para jovens do ensino médio, ressaltando, porém, que não somente o tempo dedicado à escola será capaz de retirar os jovens das ruas. Ela defende ser necessário investir em um projeto pedagógico mais qualificado, fortalecendo o papel dos professores para que os alunos se dediquem à escola.
"Isso não é poesia, nem sonho ou ideia só de palavras chavões. Isso é uma realidade. Nós podemos, na escola, contribuir para que os jovens tenham essa formação mais integral. A sociedade precisa disso. Tem que haver o compromisso com essa formação mais integral", apontou.
A vice-governadora alega receber "com muito pesar" a informação de que o Ceará está entre os três estados do Brasil onde mais se matam adolescentes e afirmou que essa situação foi se construindo ao longo dos anos, de forma silenciosa para a sociedade em geral. Para ela, a segurança cidadã é o maior desafio para a atual gestão e não deve ser enfrentada somente pelas forças de segurança.
"Isso só se muda com Educação, com Saúde, com Assistência para dar conta daqueles que estão em situação muito vulnerável. Porque tem uma parte grande desses jovens que não está na escola, não está nos serviço de saúde ou nos programas de assistência e nós temos que ter uma busca ativa desses meninos", defendeu.
Conforme aponta Izolda, é preciso encontrar um canal de comunicação com os jovens. Ela lembra que há uma correlação entre o censo penitenciário e a baixa escolaridade no Estado, o que acaba por demonstrar que grande parte dos que não concluíram o ensino fundamental ou estão morrendo ou estão nos presídios do Ceará.
Prefeituras
Uma das ideias propostas por ela, e que pode ser implantada em algumas prefeituras do Estado, visa inserir alunos do sexto ao nono ano em escolas em tempo integral, o que já vem sendo feito em Sobral e em Fortaleza, ressalta Izolda.
"Em Sobral, eles começaram, mas os recursos não são muito fáceis, porque a conta do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica) para isso ainda não é generosa. O município tem que se rebolar para conseguir complementar os gastos", destaca a vice-governadora, complementando que alguns municípios não aderiram à proposta por pendências com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Izolda não soube precisar, porém, em quanto tempo o Governo do Estado espera obter os resultados dessas investidas a serem feitas contra a violência no Estado, ressaltando que isso é algo que está sendo discutido, mas deverá ser um dos elementos do Plano de Segurança Cidadã no Estado.
"É uma ação desafiadora porque depende de integração e isso não é fácil. A burocracia, os tempos, tudo isso tende a puxar cada setorial para sua agenda e às vezes não há coordenação do que precisa acontecer ao mesmo tempo. Não é uma coisa fácil, mas temos que tentar e aprender a sermos eficientes nisso", pontua Izolda Cela, que reafirma a urgência em ampliar o diálogo entre a atual gestão estadual e líderes políticos da Segurança Pública, que apresentaram dificuldades do Governo passado.

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