O senador Eunício Oliveira integra o bloco do PMDB que tenta barrar a ida do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Cardozo é cotado para o lugar do ministro Joaquim Barbosa, que antecipou aposentadoria. A revolta de Eunício, assim como dos colegas senadores José Sarney e Lobão Filho, segundo reportagem do Jornal Folha de São Paulo, edição desta segunda-feira, é uma represália ao constrangimento imposto pela Polícia Federal durante a última campanha eleitoral.
De acordo com a reportagem, Sarney, Eunício, Lobão Filho, e seu pai, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ficaram incomodados com ações da Polícia Federal. Eles se queixam da atuação de Cardozo, a quem a PF é subordinada, e sinalizaram ao Palácio do Planalto que seu nome será rejeitado no Senado se a presidente Dilma Rousseff indicá-lo para o STF. Principal aliado do governo no Congresso, o PMDB tem a maior bancada da Casa.
A irritação dos líderes peemedebistas, conforme, ainda, a reportagem da Folha, ‘’teve início em setembro, quando reclamaram do tratamento dado pela campanha de Dilma ao partido nos Estados’’. Eunício concorreu ao governo do Ceará e Lobão Filho, ao do Maranhão. Os dois foram derrotados.
Durante a campanha, a PF revistou a mulher de Eunício Oliveira que estava embarcando de Fortaleza com destino ao Interior em um jato executivo. Lobão Filho se queixa ter passado, também, por constrangimento quando foi abordado pela PF no aeroporto de Imperatriz (MA). Lobão se preparava para embarcar numa viagem de campanha com assessores.
Os policiais revistaram o avião, carros e bagagens da comitiva de Lobão Filho. O vice-presidente da República e presidente da sigla, Michel Temer, e Renan Calheiros criticaram a atuação da PF. Os peemedebistas também culparam o Planalto pelo vazamento de detalhes das investigações da Operação Lava Jato que colocaram integrantes da cúpula do partido entre os suspeitos de receber propina de empresas que fizeram negócios com a Petrobras.
O ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, que fez acordo com a Justiça para ajudar nas investigações, apontou o ministro Lobão, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), entre possíveis beneficiados pelo esquema.
O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, subordinado de Cardozo, chegou a gravar um depoimento para a campanha de Flávio Dino (PCdoB), que derrotou Lobão Filho nas eleições. Como o PT apoiava Lobão Filho, o secretário vetou o uso das imagens.
O Senado nunca rejeitou uma indicação presidencial para o STF. Os líderes do PMDB ameaçam vetar Cardozo se ele for escolhido por Dilma, mas não estão trabalhando por nenhum outro nome. Mesmo com a força do Palácio do Planalto para emplacar o nome de Cardozo, o ministro da Justiça enfrenta outras resistências.
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