Variações desproporcionais de preços, valor superior ao cobrado em postos da Capital e incerteza em relação à qualidade do combustível. Estas são as principais reclamações de proprietários de veículos automotores na região do Cariri, descontentes com o que chamam de “abuso” cometido por proprietários de postos de gasolina, principalmente nos municípios de Juazeiro do Norte e Crato. Conforme a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em Juazeiro do Norte, o preço da gasolina comum varia entre R$ 3,12 e R$ 3,69 o litro. Já em Crato, o preço do produto oscila entre R$ 3,19 e R$ 3,69.
Segundo os proprietários dos postos de combustíveis, o que é repassado ao consumidor é proveniente do valor cobrado pela Petrobras, acrescido de um percentual de lucro, que varia entre 7% e 10%. A gerente administrativa de uma empresa que administra dois postos de combustíveis em Crato, que pediu para não ser identificada, disse que para as empresas a venda de combustíveis, sobretudo a gasolina comum não tem gerado lucratividade aos postos de combustíveis. A administradora afirmou, ainda, que a realização de reduções no valor ora cobrado poderia acarretar no fechamento de algumas empresas no Interior.
“Os postos estão trabalhando com uma margem de lucro muito pequena. Esse valor que é discutido pelos consumidores vem, praticamente, repassado pelo governo federal. As empresas trabalham numa margem de lucro de apenas 10%, o que significa apenas alguns centavos de rentabilidade”, afirmou ela, ressaltando que as empresas ao adquirirem o combustível da Petrobras realizam o pagamento à vista enquanto que o número de clientes a prazo é considerável. “Nós trabalhamos com prazo de pagamento para 30 e até 60 dias. Também parcelamos no cartão de crédito e alguns clientes também realizam vales. É complicado administrar postos de combustíveis no atual momento”, afirma a administradora.
Para o consumidor, no entanto, o valor final do produto tem gerado inúmeros dissabores. O Sargento PM Ednaldo Moura avalia que o fato de muitos postos de combustíveis existentes na região pertencerem a um único proprietário ou a um grupo de empresários associados, acaba impedindo que haja concorrência de mercado no Cariri. “São muitos postos em poder de poucos empresários. Em Barbalha, por exemplo, um empresário possui dezenas de postos. De que adianta para o consumidor a existência de vários postos de combustíveis sendo de uma mesma pessoa? Onde fica a concorrência de preços nesta situação?”, questiona o consumidor.
Limoeiro do Norte
No Vale do Jaguaribe o aumento no preço da gasolina também tem gerado insatisfações por parte de motoristas em alguns municípios. Em Limoeiro do Norte, por exemplo, a gasolina, que já era considerada cara pelos consumidores, teve seu preço aumentado ainda mais. Antes do reajuste de cerca de 15%, o preço da gasolina comum era de R$ 3,22. Atualmente o valor do litro do combustível é de R% 3,27 na maioria dos postos da cidade.
“Esses centavinhos contam no fim do mês. Afinal, ninguém abastece apenas um litro de gasolina”, observou o comerciante Pedro Maia. O valor do produto em Limoeiro do Norte é 6,16% mais caro do que o praticado pelos proprietários de postos de combustíveis no vizinho município de Russas.
Na chamada “Capital do Vale”, o consumidor consegue adquirir o produto por até R$ 3,08. Antes do aumento o combustível, estava sendo comercializado por um preço de R$ 3,00. “Há postos que tiveram aumento de oito a dez centavos Mas ainda está mais barato que em outras cidades. Mesmo assim, ninguém gosta de aumento de preços. O salário aumenta pouco e tudo sobe junto. Fica complicado”, reclama o agricultor José Alves.
Sobral
Em Sobral, na Zona Norte do Estado, o litro da gasolina comum subiu em R$0,10, indo de R$3,25 para R$3,35. Embora o reajuste pareça diminuto, motoristas que utilizam veículos diariamente afirmam terem sentido a diferença no bolso. É o caso do taxista Airton Neri, que afirma que com a alta do combustível, a diferença no fim do mês é de quase dois tanques a mais, ficando entre R$200 e R$300. “Isso é a parcela de uma moto, ou mesmo um terreno. Para mim, que sou pai de família, é uma mensalidade de uma escola ou curso. Um absurdo”, ressalta o profissional.
No município de Crateús, sete postos de combustíveis atendem aos consumidores. A gasolina é considerada uma das mais caras do Ceará. Com o último reajuste, o combustível passou a ser comercializado entre R$ 3,20 e R$ 3,27. Segundo o empresário Adail Leitão, o valor da gasolina comum atualmente é um mal necessário. “Realmente esse aumento é bastante prejudicial à população, mas, em contrapartida, a Petrobras necessita repor seu capital, pois compra produtos no exterior muito mais caros e há algum tempo já vem adiando esse aumento. Então, esse mal é necessário no momento. Eu acredito que não ficará só nisso, novos aumentos virão” afirmou o empresário.
Quixadá
Em Quixadá, onde está concentrada a maior frota veicular da região central, mais de 25 mil, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE), a variação de preços chega à diferença de R$ 0,15 por litro de gasolina comum. O preço mais alto praticado na cidade é de R$ 3,19.
Os postos com os preços mais altos na cidade são o Monólitos e o Canaã II, que vendem o litro da gasolina a R$ 3,19. Na outra ponta da tabela o Posto MM, situado no entorno do Lago dos Monólitos, possui a melhor oferta para motoristas e motociclistas. O litro do combustível está sendo vendido a R$ 3,04.
O concorrente mais próximo, o Posto Canaã, situado a pouco mais de 100 metros dali, oferece o litro da gasolina a R$ 3,06. É o segundo melhor preço da cidade. Conforme os empresários do setor, a variação de preços está relacionada ao fornecedor e aos custos com o frete de Fortaleza a Quixadá.
Centro-Sul
Já na região Centro-Sul, a cidade de Várzea Alegre lidera com o preço mais caro do litro da gasolina comum, que era de R$ 3,25 e passou para R$ 3,35, um reajuste pouco acima de 3%. O litro da gasolina aditivada custava R$ 3,29 e passou para R$ 3,39.
Em Iguatu, maior centro urbano da região, o preço praticado nas bombas é praticamente o mesmo, com variação de apenas um centavo para mais ou para menos. Em média, o litro da gasolina comum custa R$ 3,09. O aumento linear foi de R$ 0,05. Apenas dois postos mantêm o preço antigo, que é R$ 2,99. Nas cidades de Acopiara e Mombaça, o preço do litro da gasolina comum está igual em R$ 3,09.
O servidor público Antônio Rodrigues disse temer novos reajustes no preço do combustível em razão da crise enfrentada pela Petrobras: “O governo precisa arrecadar mais e o meu temor é que a gasolina volte a subir e o reajuste do salário não acompanhe. Neste fim de ano, decidi reduzir as despesas temendo aumento no início de 2015”.
Mais informações:
Sindicato dos Postos de Combustíveis do Estado do Ceará (Sindipostos)
Fortaleza
Telefone: (85) 3244-1147
Sindicato dos Postos de Combustíveis do Estado do Ceará (Sindipostos)
Fortaleza
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