O cenário econômico ruim e a
expectativa do retorno dos protestos populares durante a Copa do Mundo
fazem com que o governo federal, o PT e partidos aliados deem como certo
que a eleição presidencial deste ano só será decidida no segundo turno.
Somam-se a esses fatores o desgaste da máquina do governo, que vai
completar 12 anos sob o comando petista, além do surgimento de novas
candidaturas nunca antes testadas pelo eleitor em nível federal, como as
do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a do governador de Pernambuco,
Eduardo Campos (PSB).
“A disputa será muito difícil. Não temos expectativa de vencer no
primeiro turno. Por isso, o patamar dessa campanha é vencer a eleição”,
afirmou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto
Carvalho, em recente reunião para tratar da campanha petista.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, por intermédio de sua
assessoria, foi na mesma linha de Gilberto Carvalho: disse que não
trabalha com a possibilidade de vitória no primeiro turno. O cenário
também tem sido traçado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas
conversas que vem mantendo com a direção do PT e aliados.
O mesmo declarou o
vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR). “O PT trabalha
com o segundo turno. Mesmo quando o governo Lula deslanchou, em 2006,
houve segundo turno, o que se repetiu na eleição da presidente Dilma
Rousseff. O natural é que haja novamente”.
Muito diferente, portanto, do levantado pelo marqueteiro João Santana, em outubro, em entrevista à revista Época.
Na ocasião, ele previu uma vitória fácil da presidente porque, segundo
ele, “ocorrerá uma antropofagia de anões”. Procurado pelo Estado
para falar sobre a possibilidade de vitória de Dilma no primeiro turno,
por telefone e por e-mail, Santana não respondeu se suas previsões
ainda se confirmavam.
É justamente esse cenário indefinido que faz com que Lula tenha
orientado Dilma, desde já, amarrar as alianças políticas, por meio da
reforma ministerial e da concessão de espaço nos Estados, para que
nenhum dos atuais aliados possa trocar o PT pelas candidaturas
adversárias. Nos últimos dias, Rui Falcão pegou a estrada para resolver
pendências em Brasília, Recife, Natal, João Pessoa e Vitória.
Os aliados também já preveem a disputa em dois turnos. “Não acredito
em vitória no primeiro turno. O exemplo está aí nas três últimas
eleições”, disse o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). “Acho
que vai ter segundo turno”, declarou o presidente do PP, senador Ciro
Nogueira (PI).
Principais candidatos da oposição, Aécio e Campos fizeram pacto de
não agressão como estratégia para levar a disputa ao 2.º turno. O alvo
de ambos será único: Dilma. “Vamos conversar sempre. Não existe entre
nós a possibilidade de uma briga. Ninguém vai ousar mais do que
recomenda a disputa saudável”, disse Campos ao Estado.
Ele disse ainda ter feito acordo com a ex-ministra Marina Silva para
enquadrar todas as alas da Rede, que se abriga no PSB, e que, vez por
outra, ameaçam uma crise na coligação. Marina desautorizou a ala mineira
da Rede que atacou a aliança com o PSDB.
Para Aécio, o 2.º turno é certo. “Quando não há uma convicção clara a
favor da manutenção do governo, a população aposta no segundo turno. É o
que vai ocorrer. O índice de aprovação do atual governo e aquele que
aponta os que querem mudança indicam isso’’.
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