quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Casos de sarampo elevam busca por vacina nos postos

Somente no Centro de Saúde Paulo Marcelo, as 40 doses disponíveis da vacina acabaram em menos de duas horas

A dona de casa Maria Estela Carneiro chegou ao Centro de Saúde Paulo Marcelo, na Rua 25 de Março, no Centro, antes das 7h da quarta-feira e só conseguiu que seu filho, Francisco, de 26 anos, deficiente mental, recebesse a vacina contra o sarampo perto das 9h. Ele foi o último da fila no turno da manhã da unidade a ser imunizado contra a doença. Em menos de duas horas, as 40 doses da vacina acabaram, e quem ainda estava no posto depois desse horário teve que voltar para casa.

A notícia da confirmação de um caso de sarampo e a suspeita de outros em Fortaleza provocou uma verdadeira correria aos postos de saúde da cidade. Segundo a coordenação do Paulo Marcelo, até o início do ano, duas pessoas, por dia, buscavam posto de saúde. Atualmente, o número subiu para 40 por turno. Uma salto de 1.900%.

A cabeleireira Maria Aparecida de Sousa levou a filha de 8 anos para tomar a dose, mas não teve sucesso. "Estou muito preocupada, até porque as aulas começaram e complica com tantas crianças juntas, se houver mais casos da doença", diz.

O sarampo é uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus chamado Morbillivirus. A enfermidade é uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil em países subdesenvolvidos.

No Brasil, graças às sucessivas campanhas de vacinação e programas de vigilância epidemiológica, os casos quase foram erradicados. No Ceará, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), há 15 anos não era registrado caso de sarampo.

Correria

A coordenadora de imunização da Sesa, Ana Vilma Leite Braga, reafirma que não existem motivos para a correria aos postos. De acordo com ela, a grande maioria da população não corre mais risco de ser contaminada pelo vírus do sarampo porque foi vacinada e, em outros milhares de casos, porque já teve a doença quando criança ou jovem. "O paciente só tem a doença uma vez em toda a vida e para ficar imune basta ter sido vacinado. Não importa há quantos anos isso aconteceu", frisa.

Ana Vilma destaca ainda que ano passado a cobertura da campanha de vacinação foi além da meta no Ceará. Atingiu 102,66% das crianças com 1 ano de vida. A meta estabelecida pelo Ministério é de 95%.

Proposta

Pelo calendário normal de vacinação, crianças recebem doses contra o sarampo ao completar o primeiro ano de vida. A titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Socorro Martins, defende a ampliação da faixa etária a ser imunizada.

Pela proposta, o grupo entre seis meses e um ano de vida passaria a receber a vacina. "É o grupo que está completamente desprotegido e não pode deixar de ser vacinado", afirma. Segundo ela, o município possui apenas 30% das doses necessárias para essa faixa etária.

A coordenadora do posto, Maria José Carvalho da Silva, confirma o aumento da demanda não só pela vacina contra o sarampo, como também pela antitetânica, em falta nas unidades desde julho de 2013. Atualmente, apenas grávidas e casos urgentes são imunizados. "No caso da antitetânica, a procura triplicou, pulando de 30 doses, em média, para 90 em apenas um dia".

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