Somente no Centro de Saúde Paulo Marcelo, as 40 doses disponíveis da vacina acabaram em menos de duas horas
A dona de casa Maria Estela Carneiro chegou ao Centro de Saúde Paulo Marcelo, na Rua 25 de Março, no Centro, antes das 7h da quarta-feira e só conseguiu que seu filho, Francisco, de 26 anos, deficiente mental, recebesse a vacina contra o sarampo perto das 9h. Ele foi o último da fila no turno da manhã da unidade a ser imunizado contra a doença. Em menos de duas horas, as 40 doses da vacina acabaram, e quem ainda estava no posto depois desse horário teve que voltar para casa.
A notícia da confirmação de um caso de sarampo e a suspeita de outros em Fortaleza provocou uma verdadeira correria aos postos de saúde da cidade. Segundo a coordenação do Paulo Marcelo, até o início do ano, duas pessoas, por dia, buscavam posto de saúde. Atualmente, o número subiu para 40 por turno. Uma salto de 1.900%.
A cabeleireira Maria Aparecida de Sousa levou a filha de 8 anos para tomar a dose, mas não teve sucesso. "Estou muito preocupada, até porque as aulas começaram e complica com tantas crianças juntas, se houver mais casos da doença", diz.
O sarampo é uma doença infecto-contagiosa causada por um vírus chamado Morbillivirus. A enfermidade é uma das principais responsáveis pela mortalidade infantil em países subdesenvolvidos.
No Brasil, graças às sucessivas campanhas de vacinação e programas de vigilância epidemiológica, os casos quase foram erradicados. No Ceará, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), há 15 anos não era registrado caso de sarampo.
Correria
A coordenadora de imunização da Sesa, Ana Vilma Leite Braga, reafirma que não existem motivos para a correria aos postos. De acordo com ela, a grande maioria da população não corre mais risco de ser contaminada pelo vírus do sarampo porque foi vacinada e, em outros milhares de casos, porque já teve a doença quando criança ou jovem. "O paciente só tem a doença uma vez em toda a vida e para ficar imune basta ter sido vacinado. Não importa há quantos anos isso aconteceu", frisa.
Ana Vilma destaca ainda que ano passado a cobertura da campanha de vacinação foi além da meta no Ceará. Atingiu 102,66% das crianças com 1 ano de vida. A meta estabelecida pelo Ministério é de 95%.
Proposta
Pelo calendário normal de vacinação, crianças recebem doses contra o sarampo ao completar o primeiro ano de vida. A titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Socorro Martins, defende a ampliação da faixa etária a ser imunizada.
Pela proposta, o grupo entre seis meses e um ano de vida passaria a receber a vacina. "É o grupo que está completamente desprotegido e não pode deixar de ser vacinado", afirma. Segundo ela, o município possui apenas 30% das doses necessárias para essa faixa etária.
A coordenadora do posto, Maria José Carvalho da Silva, confirma o aumento da demanda não só pela vacina contra o sarampo, como também pela antitetânica, em falta nas unidades desde julho de 2013. Atualmente, apenas grávidas e casos urgentes são imunizados. "No caso da antitetânica, a procura triplicou, pulando de 30 doses, em média, para 90 em apenas um dia".
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