sexta-feira, 31 de outubro de 2014

ADUTORA Socorro hídrico para salvar Canindé

Com seus três açudes em estado crítico, a cidade de Canindé vai ser socorrida pelas águas do vizinho município de General Sampaio para evitar o colapso no abastecimento hídrico. 53 quilômetros de extensão da adutora instalada no trecho que vai de General Sampaio aos municípios de Caridade e Canindé já estão concluídos.
De acordo com Luís Sousa, técnico responsável pela tubulação, os canos possuem seis metros de diâmetro e levarão água da barragem de General Sampaio, com vazão inicial de 400 milímetros, e chegarão à adutora do Sousa com 300 milímetros. Os técnicos avaliam que 98% da obra já estão concluídos, faltando somente o trecho da zona urbana desta cidade.
Ao todo foram 31.978 canos de polietileno que servirão à população no modo de engate rápido. Os investimentos são de R$ 22.107.479, sendo que, R$ 17,8 milhões foram para compra de equipamentos e R$ 4,2 milhões para a execução dos serviços.
Se tudo correr bem, os primeiros testes para bombear água do General Sampaio devem ocorrer no dia 8 de novembro. Luís Sousa disse que a tubulação vem pela superfície pelo fato de ser de montagem rápida. Se fosse toda por baixo do chão, levaria 18 meses para ser concluída. A montagem começou em julho deste ano. Por uma estrada carroçável é possível acompanhar as tubulações da adutora emergencial, que levará água de General Sampaio até Canindé.
Os tubos de aço são do tipo "Corten", de alta resistência, com uma proteção de borracha para não enferrujar, estão instalados na sua maior parte sobre o chão. Seis caixas com capacidade para 30 mil litros foram construídas ao longo do trecho, que começa na localidade de Saquinho, seguindo por Pedras Pretas I e II e Ramalhete, em General Sampaio; Água Boa, em Paramoti; Angelim, Batoque e São Domingos, em Caridade; que servirão de reservatórios para os moradores da linha de transmissão da água, até o destino final, a cidade de Canindé.
Falta ser concluído apenas o pequeno trecho da comunidade de Boa Vista, à altura da igreja de São Braz, até o triângulo da BR-020, na Fazenda Jubaia, de onde segue para estação de tratamento do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), no bairro do Monte, onde passará por todo processo de tratamento, de acordo com a portaria do Ministério da Saúde. Em seguida, será depositada na rede de distribuição hídrica.
As ferramentas que serão utilizadas para montagem dos três motores com capacidade para 200 cavalos cada, na plataforma com potencial de 200 toneladas, chegaram de São Paulo e já foram transportadas para a área das casas de bombas às margens do açude.
O administrador do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) em General Sampaio, Samuel Izídio, disse à reportagem que a barragem tem hoje 19 milhões de metros cúbicos, o que representa 6,5% da capacidade total, que é de 322,2 milhões de metros cúbicos.
O reservatório sangrou pela última vez em 2009, com uma lâmina de 87 centímetros. "Mesmo com essa reserva, a água existente no açude suporta até dezembro de 2015. Temos ainda na galeria 1 metros e 95 centímetros de profundidade. A distribuição para General Sampaio é 20 litros por segundo. Já a distribuição de Paramoti é 12 litros por segundo. Quanto à liberação para Caridade e Canindé, deverá ser 180 litros por segundo", explica Samuel. A taxa de evaporação do manancial é 1 centímetro a cada dia.
Colapso
Os três principais açudes de Canindé, Sousa, São Matheus e Escuridão, estão agonizando. O Escuridão, a 22 quilômetros da sede, tem 3,2% de seu volume. Dentro da cidade, o São Matheus acumula 1%. Já o Sousa, a cinco quilômetros, está com 0,06% da capacidade. Canindé deve perder reforço deste último manancial nos próximos dias.
A adutora do Sousa, barragem com capacidade para 30.840 milhões de metros cúbicos, tem extensão de 7,22Km, com canos de diâmetro de 350 milímetros, numa vazão de 60 litros por segundo. O bombeamento está sendo feito 8 horas por dia.
O Escuridão tem vazão de 400 metros cúbicos e diâmetro de 350 milímetros. A capacidade do reservatório é de 4 milhões de m³. Utiliza apenas 4 horas da transposição das águas.
O São Matheus tem capacidade para 10,34 milhões de metros cúbicos. Sua vazão antes era de 100 litros, caiu para 30 litros por segundo e sua adutora funciona apenas 8 horas ao dia.
Enquanto a adutora do General Sampaio não é inaugurada, a cidade está sendo abastecida também por poços profundos, num total de 22 injetados na rede de distribuição.
O prefeito Celso Crisóstomo disse que todos os esforços estão sendo feitos para evitar a falta de água na sede e na zona rural. "Tivemos uma boa experiência com a festa de São Francisco, onde não faltou água na cidade. Resta agora pedirmos a proteção divina para um bom inverno em 2015, para que assim resolvamos de vez o problema de abastecimento de água de Canindé. Com a chegada da adutora de General Sampaio, teremos quatro adutoras para atender à sede, fato inédito no Ceará", comemora o prefeito.
Esta não será a primeira vez que o açude General Sampaio, vai servir a Canindé. Em 1961 foi construída uma usina hidrelétrica no pé da barragem, equipada com um único gerador, com capacidade operacional de 500 cv. A unidade gerava fornecimento de energia elétrica para os municípios de General Sampaio e Canindé, com uma linha de transmissão de 40 quilômetros, à tensão de 13,8 kVa. Foi a primeira linha de transmissão à longa distância construída no Estado do Ceará e executada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Posteriormente a usina foi desativada.
A barragem foi projetada por causa da grande seca que assolou o Ceará em 1932. Deu-se início, no Boqueirão Mãe Teresa, a construção da barragem do açude de General Sampaio, sobre o leito do Rio Curu, que nasce no município de Canindé. A barragem foi projetada e construída pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs), hoje Dnocs.

Nenhum comentário:

Postar um comentário