Apesar das chuvas frequentes que estão banhando Fortaleza e todos os outros 184 municípios do interior do Estado, chuvas essas que até bateram a média prevista para todo o mês de fevereiro, mesmo restando ainda uma semana para seu fim, o prognóstico climático para o trimestre março, abril e maio de 2017 não é tão animador quanto se esperava. Pelo menos foi o que divulgou a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), em evento realizado ontem, no auditório da sede da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos.
As projeções foram apresentadas pelo presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, e apontam que a preocupação com os rios e açudes deve ser mantida, assim como o sinal de alerta, já que o cenário de seca continua. Isto porque, segundo o órgão meteorológico, a região do Vale do Jaguaribe, onde se localiza os principais reservatórios cearenses, deve receber uma carga d’água abaixo da médica histórica.
“A expectativa é essa que está no prognóstico, queríamos estar trazendo algo mais positivo, lógico, mas é a real situação. A previsão é que tenhamos a região jaguaribana recebendo chuvas abaixo do esperado se comparada a outras áreas do Estado, o que é algo preocupante, pois é a tendência. O restante das áreas do Estado é bem provável que fique com chuvas na média”, alerta Eduardo.
João Lúcio Farias, presidente da Cogerh, destacou que a atenção aos reservatórios e os projetos hídricos para evitar a falta d’água seguirão. “A Funceme nos passou o prognóstico e continuamos na média, porém aquela região do Vale do Jaguaribe inspira cuidados, pois lá estão o Orós, o Castanhão, que são as principais fontes de abastecimento do Jaguaribe como da nossa Região Metropolitana. É razão para uma atenção especial”, explicou.
Probabilidades
Os dados trazidos pela Funceme dão conta de que até o mês de maio, o Ceará deve receber precipitações que fiquem na margem da média histórica. As chances de isso acontecer são de aproximadamente 43%; o prognóstico mais favorável não aparece com tanta positividade assim, já que a expectativa fica em torno de 20%; o risco de termos um inverno menos chuvoso é de 37%. Para o período de março a maio, tomando como base o cálculo de 1981 a 2010, as chuvas no Estado tiveram 398 milímetros (como limite inferior) e 566,1 milímetros (como limite superior).
As conclusões para se chegar a uma estimativa da quadra chuvosa vêm de uma análise dos campos atmosféricos e oceânicos de grande escala (vento em superfície e em altitude, pressão do nível do mar, temperatura da superfície marítima, entre outros) e dos resultados de modelos numéricos globais e regionais e de modelos estatísticos de diversas instituições de meteorologia do Brasil. O padrão observado nos oceanos Pacífico Equatorial e Atlântico Tropical indicou, entre outras coisas, uma condição com características de neutralidade dessas áreas.
Com isso, afasta-se a possibilidade de haver a esperada La Niña, que é um evento oposto ao popular El Niño. La Niña é um fenômeno oceânico-atmosférico caracterizado pelo resfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, o que traria a possibilidade de haver um ótimo inverno. Eduardo rechaçou as chances de a quadra chuvosa ser afetada pelo fenômeno. “Hoje, nós não temos condição de La Niña, muito pelo contrário, é percebido um aquecimento das águas oceânicas específicas, o que caracteriza o El Niño. E digo que isso já nos preocupa, não para agora, mas para janeiro de 2018”.
Cuidados
Sobre a estratégia para que o Ceará não venha a sofrer um colapso hídrico em decorrência das poucas chuvas, João Lúcio Farias afirmou que medidas serão tomadas. “A partir dessas informações que já temos, trabalharemos ainda mais junto a Funceme para analisarmos os aportes possíveis que teremos nos reservatórios até o final da quadra chuvosa, estabelecer metas referentes à situação e tomar decisões, tudo isso já pensando também em 2018, já que há o risco de termos novamente o El Niño influenciando no inverno”, detalhou o presidente da Cogerh.
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