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domingo, 18 de janeiro de 2015

Alunos da rede pública são destaque no Enem

Foram apenas 250 estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conseguiram obter a nota mil, graduação máxima em Redação, de acordo com o Ministério da Educação. Desse seleto grupo, pelo menos um deles veio da rede pública de ensino do Ceará. Kállek Ferreira, de 19 anos, acabou de concluir o Ensino Médio no Liceu de Maracanaú e conta que o bom desempenho veio acompanhado de preparo e do interesse pelas letras.
"Toda a minha base vem antes mesmo de eu saber o que era o Enem, já estava no meu cotidiano. Eu sempre gostei muito de conhecer as palavras, saber mais sobre gramática, gostava até de ler dicionários para descobrir novos significados", conta.
O jovem ressalta, contudo, que os meses antes do teste foram essenciais para aprimorar os textos que escrevia aos padrões exigidos pelos corretores do Enem, baseado em sua experiência anterior com o exame.
"Em 2013 eu fiz a prova, quando estava no segundo ano, mas eu não tinha ideia de como estruturar o texto. Tanto é que, mesmo tirando 720 na redação, eu zerei uma das competências, que pedia para elaborar uma proposta de intervenção para o tema da redação. A partir daí, comprei livros de preparação para o Enem, aprendi a redigir textos dissertativos e argumentativos. Como eu gosto muito de filosofia, também utilizei alguns pensamentos da área no texto".
Preparação
Lílian Vidal, de 17 anos, que estudou por todo o Ensino Médio no Liceu de Maracanaú, também teve uma experiência parecida. Íntima das palavras desde cedo, a jovem conseguiu atingir 960 pontos na redação. Entretanto, quando fez o Enem em 2013, não teve uma boa nota na prova.
"Foi decepcionante para mim, pois sempre fui elogiada na escola pelos meus textos. Mas eu comecei a ler as redações que tiraram nota mil, passei a ler mais jornais e a escrever textos semanalmente e contava com a ajuda dos meus professores que os corrigiam", afirma Lílian.
A estudante coloca, ainda, o apoio que recebeu da escola, que ofereceu meios para tornar os alunos aptos a prestar o Enem. "Desde o começo do ano, minha escola deu muito foco para o Enem, oferecendo aulões. No ano passado, criaram muitas iniciativas, o que foi muito bom para os alunos que realmente se interessaram em aprender. Houve aulas e palestras orientando sobre muitas coisas. Tenho outros colegas que também tiveram notas acima de 600 pontos e, principalmente na redação, também tiraram notas boas", comenta.
Escola
O coordenador do Liceu de Maracanaú, Francisco Rejânio de Sousa Silva, confirma que a equipe escolar se esforça para tornar os alunos qualificados para prestar os exames. "No Liceu, os professores têm um papel fundamental nesse resultado, porque eles dão os aulões aos sábados e à noite, durante a semana, de forma voluntária, além de termos uma boa adesão dos alunos a essas aulas. Temos também o nosso programa de Redação, por meio do qual os alunos deixam seus textos numa pasta, os professores corrigem e depois eles entram em contato para discutir as correções", enumera.
A participação dos alunos é outro fator comemorado pela escola. "É uma parceria. Os nossos alunos sabem que temos esse foco para o Enem e já se dedicam aos exames. Em 2014, por exemplo, tivemos um comparecimento à prova de mais de 90% dos alunos que se inscreveram, muitos já desde o primeiro ano do Ensino Médio. Tudo isso contribui para os bons resultados".
Participação e notas melhoram
O secretário de Educação do Ceará, Maurício Holanda, confirma que os índices de participação e de desempenho dos alunos da rede estadual de ensino vêm melhorando nos últimos anos. O número de alunos do terceiro ano do Ensino Médio de escolas públicas do Estado que fizeram o Enem, por exemplo, saltou de 56 mil para 75 mil entre os anos de 2011 e 2013.
Além disso, a média de pontuação desses estudantes passou de 446,9 para 460,1 no mesmo período. "Os dados são bem significativos, porque a tendência, quando se aumenta o número de participantes, é que o resultado médio sofra uma queda, mas aconteceu o contrário, foram dois fatores que conseguimos superar", avalia o secretário.
Maurício Holanda destaca, ainda, os números de alunos que conseguiram ingressar no ensino superior por meio do Enem, seja pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou por outros projetos, como o ProUni. Os números foram de 4.787 alunos do ensino público que entraram em cursos de graduação em 2011 para 12.295 em 2013.
"Temos uma definição estratégica para o Ensino Médio, cujas principais metas são aumentar a taxa de participação dos alunos no Enem, bem como os desempenhos médio, tanto nos exames do Enem, quanto naquilo que concretiza a participação do Exame, que é o acesso às vagas de ensino superior em boas faculdades brasileiras", comenta.
Dentre as ações da Secretaria, estão a garantia de que os alunos tenham CPF e um documento de identidade para realizar a prova, bem como recursos de transporte e alimentação para o dia dos testes. Um dos principais fatores, contudo, é a dedicação dos professores, como destaca Maurício Holanda.
"Contamos com um apoio muito forte dos professores neste movimento. São pessoas que acreditam na importância dos nossos jovens realizarem o Enem e serem bem sucedidos. A gente entende que ainda temos muito o que fazer, pois as médias brasileiras no Enem ainda são baixas. Entretanto, temos o sentimento de que estamos seguindo o caminho certo", conclui Maurício Holanda.

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